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Sem trabalhadores as sociedades não avançam

As primeiras lutas que deram origem ao 1º de Maio tiveram como principais objetivos a redução do horário de trabalho e salários decentes

Hoje comemora-se mais um dia de quem trabalha. Em pleno século XXI, ainda se fala no respeito por muitas reivindicações pelas quais já vimos a lutar há muitos anos.

Esta semana comemorou-se o 48º aniversário do 25 de Abril e verificou-se que, para além da defesa das liberdades, coloca-se com muito ênfase nos direitos laborais que em cada dia são postos em causa por muita gente que comanda os sectores e as empresas deste país e desta Região.

Em nome da crise e da pandemia, e de outras coisas mais, que, entretanto, vão surgindo, inventa-se cada vez mais formas precárias de trabalho onde muitas vezes os horários não são cumpridos e os salários são muito baixos, às vezes nem chegando ao salário mínimo em vigor.

Há sectores a reclamar por falta de trabalhadores/as, no entanto a maioria não faz nada para melhorar as condições de trabalho, muitas vezes quase de escravatura em que, quem trabalha, tem medo de perder o emprego e o fraco rendimento que alimenta as suas famílias.

Quando se fala que a Madeira tem uma grande percentagem de pobres, a maior do país, raramente se explica que esses pobres se encontram entre os/as trabalhadores/as no ativo que ganham miseravelmente.

Quando se diz que a região tem um grande índice de empresas novas, não se explica que a maioria dessas empresas são constituídas através de pequenos projetos subsidiados que, depois de acabar os apoios, a maioria acaba por encerrar, salvo raras exceções, e assim o governo encontra uma forma de reduzir o número de desempregados. Portanto, é uma forma fictícia de fugir a assumir as responsabilidades da real situação do emprego, ou desemprego na Madeira.

Quem me está a ler pode pensar “lá vem esta” falar na desgraça e não fala nos aspetos positivos que existem. Enquanto me for dada a oportunidade de opinar, irei colocar as minhas preocupações em primeiro lugar. Hoje é o dia ideal para falar destes assuntos que preocupam qualquer pessoa que tem familiares e amigos a passar por situações de grande precariedade e a ganhar salários baixos. Trabalham e não conseguem trazer dinheiro para casa para fazer face às suas necessidades.

Que eu saiba ainda não se inventou formas de substituir a mão-de-obra necessária para as sociedades funcionarem sem trabalhadores/as. Sem eles/as, nada funciona. Por isso mesmo, deviam ser mais valorizados/as, apoiados/as e incentivados/as e o respeito pelos seus direitos devia ser a palavra de ordem principal.

As primeiras lutas que deram origem ao 1º de Maio tiveram como principais objetivos a redução do horário de trabalho e salários decentes. Estas reivindicações mantêm-se atuais. Isso devia fazer-nos pensar que a evolução, no que respeita aos/às trabalhadores/as tem muitos altos e baixos e, por incrível que pareça, até parece que estamos a voltar atrás no tempo. Que façamos uma reflexão para encontrar as formas e os meios de dignificar quem trabalha.