A liberdade desceu a Avenida da Liberdade

A liberdade de celebrar o 25 de Abril de 1974 foi entroncada por um mar de gente. Almas sequiosas, em virtude da pandemia, em dar vivas ao processo iniciado naquela data. Nunca vimos tanta gente a bordejar a grandiosa manifestação.

Com regozijo, diziam-nos: «Estamos a chegar ao Rossio e ainda há organizações, na praça Marquês de Pombal à espera de desfilarem!». É errado não homenagear aqui o dia mais glorioso da nossa História, porque este regime assenta noutro 25, o de Novembro de 1975. O início do desfile teve 6 carros da polícia(!), duas chaimites e um largo intervalo até chegar ''a'' cabeça do evento. A JCP, de forma aguerrida e sonora, gritava: «O Povo unido jamais será vencido!». O PS, atrás repetia este mote com 48 anos. O Povo desunido continua vencido e este partido com tantos anos de presidências e governos deve pôr a mão na consciência política... O BE com a sua juventude exuberante agigantava-se no eco das palavras que lavram e lutam. Um enorme pano vermelho era o epicentro do Manifesto em Defesa da Cultura, que invariavelmente assumia com elevado som sincronizado: «1% para a Cultura!», «O Estado tem na Constituição o apoio para a Cultura como obrigação!», e «A luta continua no Teatro e na rua!».

Esta palavra de ordem também serviu para intercalar a poesia, o cinema, as bibliotecas, a televisão [pública], a literatura.

Esta sim foi uma manifestação valente, mobilizada e engajada de gente antiga, de novos e de muitas crianças com um cravo.

Muito do que foi prometido após o 25 de Abril está por realizar..., mas tem futuro!

Vítor Colaço Santos