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Lula da Silva admite abrir leque de apoios mais ao centro para salvar o país

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O PT brasileiro admite abrir os apoios a Lula da Silva aos partidos mais ao centro, se estiverem dispostos a pacificar o país e a combater as suas principais ameaças, segundo o secretário das Relações Internacionais do partido.

No caso de existir uma segunda volta nas eleições presidenciais, marcadas para outubro deste ano, o PT vai "dialogar com partidos, mesmo que não estejam neste campo, mais de esquerda, mais progressista, mas que entendam que é tempo de pacificar o país, de apresentar um projeto que diminua a fome, o desemprego, a desigualdade, que respeite o meio ambiente, proteja os indígenas", disse Roménio Pereira, em Lisboa.

De passagem por Portugal, onde segunda-feira participou na "marcha dos cravos", o secretário das Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro disse acreditar que a eleição será "polarizada" entre Lula da Silva e o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro.

Sobre os partidos que se apresentam, disse que há uma candidatura de extrema-direita é representada pelo presidente Bolsonaro, existem algumas candidaturas de centro-direita e de centro, centro-esquerda.

"A candidatura do Lula é progressista, com o apoio do Partido Comunista do Brasil, partido Verde, do Partido Socialista Brasileiro, vamos ter o apoio do partido em que está filiada a Marina Silva e o Randolfe [Rodrigues] - a REDE, vamos estar filiados com um dos principais partidos com uma relação muito forte com os sem-teto (o PSOL), já temos sinalizações de apoio do Solidariedade (centro) e estamos dialogando".

Acredita no apoio de "uma grande parte do MDB [Movimento Democrático Brasileiro], mais enraizado no interior do país".

Segundo Roménio Pereira, não está descartado que Lula da Silva, depois de lançar a sua candidatura, a 07 de maio, "amplie esse leque de apoio à sua candidatura".

"O Brasil é uma grande potência internacional. Tem uma população infelizmente numa dificuldade e numa situação de grande pobreza, mas tem riquezas naturais enormes, uma cultura muito valorizada em todo o mundo e uma população extraordinária, mas precisamos de diminuir a distância entre aqueles que ganham muito e os que não ganham nada", disse.

A este propósito, lamentou alguns dos vários danos da presidência Bolsonaro, porque "foram muitos", elegendo o maior de todos os 663 mil óbitos pela covid-19.

"Foi um governo que defendeu medicamentos que não tinham nenhuma leitura científica para salvar vidas, que debochou da saúde, que fez pouco caso com a vida dos brasileiros e das brasileiras, que não tem um movimento muito forte na educação", disse.

"Temos 15 milhões de desempregados e 22 milhões passando fome, 35 a 40 milhões de brasileiros em condições de subemprego. [Bolsonaro] ataca o meio ambiente e as minorias estão a ser desrespeitadas", prosseguiu.

E alegou que "os 13,5 anos em que Lula esteve no poder foi o período em que saíram menos brasileiros do Brasil, porque os brasileiros e as brasileiras sentiam-se numa situação mais confortável no seu país, porque tinham emprego, escola, saúde mais próxima das pessoas".

"Hoje, temos 4,5 milhões de brasileiros que moram fora do Brasil legalizados e acima dos 5,6 milhões dos brasileiros em situações não legais", disse.

A este propósito, e com os 200 a 220 mil brasileiros legalizados a representarem a maior comunidade imigrante em Portugal, Roménio Pereira disse que é preciso ouvir as comunidades e que, de todos, Portugal é "o país mais irmão" que o Brasil tem no mundo.

"Precisamos de ter uma relação muito forte com os brasileiros que moram aqui [em Portugal] e com uma grande parcela de portugueses que vivem no Brasil e o presidente Lula provavelmente vai apresentar essa proposta no seu programa do Governo", frisou.