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Palestina e Israel trocam acusações e ONU pede responsabilização de agressores

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Foto EPA

Os embaixadores israelita e palestiniano nas Nações Unidas trocaram hoje acusações perante o Conselho de Segurança, numa reunião em que o coordenador da ONU para o Processo de Paz no Médio Oriente pediu a responsabilização dos agressores na região.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou hoje o seu debate trimestral aberto sobre "A situação no Médio Oriente, incluindo a questão Palestina", momento em que os diplomatas de Israel e da Palestina aproveitaram para se acusarem mutuamente pela quebra do 'status quo' dos locais sagrados em Jerusalém.

Segundo o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, "terroristas palestinianos" são responsáveis pelos violentos distúrbios no Monte do Templo durante as últimas semanas, advogando que aqueles que culpam os dois lados pela violência criaram uma falsa equivalência.

"Os únicos a quebrar o 'status quo' no Monte do Templo são os grupos terroristas palestinianos que inflamam os locais sagrados", disse Erdan, na sede da ONU, em Nova Iorque.

"Centenas de terroristas palestinianos a revoltarem-se no Monte do Templo representavam uma ameaça tanto para muçulmanos, quanto para adoradores judeus no Muro das Lamentações e, portanto, a polícia israelita teve que intervir", justificou.

Por outro lado, o representante do Estado da Palestina, Riyad Mansour, afirmou que "claramente, as autoridades israelitas são as únicas a acreditar que [as suas] ações são tudo menos uma violação flagrante do 'status quo histórico".

"Israel, a potência ocupante, é responsável pelo que está a acontecer em Jerusalém", frisou Mansour.

Já o coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, que foi o primeiro a falar nesta sessão, apresentou dados da violência que tem afetado a região, apontando dezenas de mortos e centenas de feridos de ambos os lados, incluindo crianças.

"Reitero que os perpetradores de todos os atos de violência devem ser responsabilizados e levados rapidamente à justiça. As forças de segurança devem exercer a máxima contenção e usar força letal apenas quando estritamente inevitável para proteger a vida", disse Wennesland.

"Estou particularmente chocado que as crianças continuem a ser mortas e feridas. Exorto as autoridades israelitas a conduzir investigações completas e transparentes sobre todos os casos de possível uso excessivo da força", apelou o coordenador da ONU.

Tor Wennesland disse ainda que a vandalização de locais religiosos é inaceitável e que esse vandalismo tem o potencial de agravar ainda mais a situação na região do Médio Oriente, pedindo diálogo, o fim da escalada da violência e respeito ao 'status quo' dos locais sagrados.

Apelo semelhante foi deixado pelos membros do Conselho de Segurança, que expressem preocupação com a recente escalada de violência e pediram calma e contenção.

"O Reino Unido partilha as preocupações expressas nesta mesa sobre a frágil situação em Jerusalém. É crucial que todas as partes tomem medidas urgentes para reduzir as tensões e evitar uma maior escalada", disse a embaixadora do Reino Unido, Barbara Woodward.

"Condenamos os recentes ataques terroristas em Israel, que resultaram na morte de 14 pessoas. Os nossos corações estão com as famílias dos mortos. Apoiamos totalmente o direito de Israel de garantir a sua segurança e condenamos inequivocamente os ataques com foguetes contra Israel por militantes em Gaza", acrescentou a diplomata.

Barbara Woodward, que preside este mês o Conselho de Segurança, declarou ainda que o Reino Unido também está preocupado com o número de palestinianos mortos pelas forças de segurança israelitas nas últimas semanas, incluindo menores.

"Continuamos a exigir investigações completas e transparentes sobre as mortes de civis palestinianos, e pedimos moderação no uso da força. As forças de segurança israelita têm a responsabilidade de garantir a segurança da população palestiniana", frisou.

A nova vaga de violência na região começou há quase um mês, com uma série de ataques em território israelita que foram seguidos por várias incursões das forças de segurança na Cisjordânia, muitas delas provocando fortes confrontos e vítimas mortais do lado palestiniano.