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Arquitectos lusófonos preparam guia de boas práticas em desenvolvimento sustentável

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O Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP) está a preparar um guia com exemplos de boas práticas nos países lusófonos, para promover o desenvolvimento sustentável.

O CIALP vai lançar em Junho um apelo à candidatura dos projetos que "dão melhores respostas os 17 objectivos de desenvolvimento sustentável da ONU", disse à Lusa o presidente do conselho, Rui Leão.

"Já temos coisas boas a acontecer [nos países de língua portuguesa], se calhar ainda não estão nas revistas", explicou o arquitecto radicado em Macau.

Rui Leão apontou como bons exemplos as políticas "de construção de habitação com recursos existentes", em Moçambique, e "as políticas de autoconstrução e de trabalho comunitário" em Cabo Verde.

O presidente do CIALP defendeu que os países africanos de língua portuguesa estão "já muito perto" de se tornarem uma referência da "arquitectura de habitação comunitária, de projetos à escala social".

O guia pretende "apontar o caminho de como construir de uma forma responsável", não só ao utilizar recursos locais, mas também "criar dinâmicas de produção de recursos", disse o arquitecto.

"Há zonas onde existe argila de grande qualidade, mas usa-se cimento, que é altamente poluente, tem de se criar uma logística enorme, quando a população local, com o mínimo de formação, era capaz de produzir os recursos para fazer aquele mesmo projecto", sublinhou Rui Leão.

O presidente do CIALP lembrou a atribuição, em Março, do prémio Pritzker 2022 a Francis Keré, o primeiro profissional africano a conquistar o mais importante galardão da arquitectura mundial.

O arquitecto do Burkina Faso é "um pioneiro da arquitectura -- sustentável para a terra e para os seus habitantes -- em terrenos de extrema escassez", disse o júri do prémio, que realçou, entre outros projetos, a escola Benga Riverside, em Moçambique.

"Uma coisa que ele fez com os primeiros projectos, foi fazer formação para os aldeões poderem usar e construir com os materiais locais. Ou seja, criar conhecimento", sublinhou Rui Leão.

O desenvolvimento sustentável será o tema de uma das duas mesas redondas que o CIALP vai coorganizar em Luanda, entre 3 e 5 de Maio, no âmbito da terceira edição da Capital da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A iniciativa, que irá celebrar o dia mundial da língua portuguesa, 5 de Maio, vai decorrer na capital de Angola, que exerce atualmente a presidência rotativa da CPLP.

O CIALP tem como membros as ordens ou organismos profissionais de arquitectos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

A organização não-governamental, fundada em 1991, com sede em Lisboa, representa "mais de 230 mil arquitectos", o que corresponde "a 18% dos arquitectos mundiais", disse à Lusa em julho Rui Leão.