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Um desafio incontornável

A poluição do ar surge na primeira linha de risco global para a saúde

A sete de abril comemora-se o Dia Mundial da Saúde data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na sua primeira assembleia geral após a segunda guerra mundial. O objetivo foi definir anualmente uma temática prioritária para colocar na agenda internacional, estimulando a realização de diversas iniciativas e alertando a sociedade civil para o bem maior que é a promoção da saúde.

Para o ano 2022 a temática escolhida está relacionada com as questões ambientais, “Nosso Planeta, Nossa Saúde” é um slogan que nos interpela a todos para a necessidade urgente de desenvolver mecanismos, procedimentos e comportamentos que possibilitem combater as alterações climáticas evitando a poluição do ar, dos rios e das fontes de alimentação, de forma a proporcionar uma distribuição mais equitativa dos bens alimentares, preservar a qualidade da água potável e do ar, promovendo um ambiente saudável de bem-estar para todos.

Ainda sob os efeitos da crise pandémica originada pela COVID19 que abalou de forma devastadora as condições de saúde de muitas pessoas, foi colocado em evidência a eficiência dos serviços de saúde e a resiliência dos profissionais, atingindo profundamente a economia e a estabilidade social em muitos países. O Dia Mundial da Saúde constitui assim mais uma oportunidade para os trabalhadores do setor da saúde se organizarem e se posicionarem na frente da batalha contra as alterações climáticas e os seus efeitos nefastos para a saúde.

São cada vez mais frequentes os fenómenos extremos como as ondas de calor ou de frio, inundações, secas, ventos fortes ou furacões, ondulação forte e precipitação extrema em todo o planeta, com efeitos adversos e impactos diretos na vida e na saúde das pessoas, agravando estados de doença crónica, favorecendo o aparecimento de novas doenças com profundo impacto no serviço de saúde e seus profissionais.

A contaminação da água, das cadeias alimentares e a poluição do ar tem um enorme peso na deterioração da saúde humana, indicadores recentes apontam a poluição do ar como sendo responsável por milhões de mortes anuais em todo o mundo e pela perda de anos de vida saudável.

Nas várias componentes ambientais a poluição do ar surge na primeira linha de risco global para a saúde, comparável a outras situações como os enganos e as carências alimentares, o tabagismo e o alcoolismo.

É inequívoco que o efeito das mudanças climáticas na saúde das pessoas tem conduzido ao aparecimento de novas doenças, ao ressurgimento de outras, para além de ter favorecido a disseminação de vetores transmissíveis pela água, pelo ar e pelos alimentos, originando diversas patologias assim como o aumento de transtornos mentais.

A mudança climática interpela-nos a todos, em particular os profissionais de saúde pela proximidade e natureza do exercício da sua profissão, continuando a ser dos que estão mais bem preparados para informar e sensibilizar para as mudanças que se impõem, assim como para a organizar e fortalecer os serviços de saúde perante os desafios que se avizinham.