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Vendas de perfumaria e cosmética sobem 4% e superam os 900 ME em 2021

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As vendas de perfumaria e cosmética em Portugal terão crescido 4% em 2021, para mais de 918 milhões de euros, recuperando da quebra de 5,5% no ano anterior, segundo um estudo da Informa DBK.

De acordo com a análise da Informa DBK ao mercado ibérico de perfumaria e cosmética -- divulgada no âmbito da 25.ª edição da feira de beleza Expocosmética, que decorre de sábado a segunda-feira na Exponor, em Matosinhos --, após ter sido "penalizada em 2020 devido às medidas decretadas para fazer face à pandemia, bem como pela forte deterioração económica", a procura setorial "aumentou significativamente em 2021".

O destaque vai para o bom desempenho das vendas de perfumes e produtos para o cuidado da pele", apontado como o principal impulsionador do setor, numa tendência atribuída a uma alteração dos paradigmas de consumo na sequência da pandemia, no sentido de uma maior atenção às rotinas ligadas à saúde e bem-estar.

Assim -- e depois da quebra de vendas de 9,1% a nível ibérico em 2020, para 4.911 milhões de euros (com o setor a contrair-se 9,9% em Espanha, para uma faturação de 4.028 milhões de euros, e a recuar 5,5% em Portugal, totalizando 883 milhões) -- estima-se para 2021 um aumento do volume de negócios ibérico de 8%, com uma variação ligeiramente superior em Espanha (+9%) do que em Portugal (+4%).

Com mais de 160 marcas e cerca de 30.000 visitantes inscritos, a 25.ª edição da Expocosmética -- apresentada pela organização como "a maior feira de beleza da Península Ibérica" -- promete apresentar "os avanços que estão a revolucionar o mercado da cosmética, estética, unhas, maquilhagem e cabelo".

Durante o evento decorrerá ainda o 2.º Congresso Nacional de Estética, Beleza e Saúde, "onde serão abordados temas que marcam a agenda internacional do setor", desde a alimentação e antienvelhecimento aos mitos de emagrecimento ou neurocosmética.

Neste regresso às edições presenciais da feira, a organização destaca ainda a "adaptação às possibilidades do formato híbrido de eventos, com a integração na plataforma digital E+E Expocosmética", destinada a "criar um ecossistema global e estreitar relações entre visitantes e expositores (antes e após o evento)".

Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Associação dos Cabeleireiros de Portugal (ACP) recordou que o setor foi "brutalmente penalizado" com a pandemia, já que teve de encerrar portas por ser incompatível com a prestação de serviço ao postigo ou através de teletrabalho.

"Fomos extremamente penalizados devido à total perda de receitas, num setor que vive de uma economia de subsistência, onde as despesas fixas dos estabelecimentos se mantiveram, o que levou ao encerramento de muitos espaços e, consequentemente, empurrou para o desemprego dezenas de trabalhadores", afirmou Fernando de Sousa.

E se, com a reabertura progressiva da economia, começou por verificar-se "uma afluência acrescida aos serviços de cabeleireiro, barbeiro e estética", o dirigente associativo diz que "logo se sentiu o decréscimo da frequência das visitas aos espaços, devido à redução do poder de compra e ao elevado número de trabalhadores que permaneceram em teletrabalho", além das "pessoas que mantiveram o receio em retomar o hábito de sair de casa, devido ao impacto psicológico que a pandemia provocou".

Sublinhando que os espaços de cabeleireiro e estética "são seguros, mantendo-se as recomendações do cumprimento de todas as regras de higiene e segurança", Fernando de Sousa considera "natural", mas transitória, a forte subida das vendas de produtos de estética/cosmética registada nos supermercados durante a pandemia.

"É natural, quando temos mais tempo livre do que habitual, estarmos mais predispostos a novas experiências. As lojas de artigos de construção também registaram resultados extraordinários, dado que as pessoas tinham de ocupar o tempo livre cuidando da casa e de si próprios, situações que no dia a dia não tinham o mesmo lugar", disse.

O responsável da ACP afirmou, contudo, "não acreditar" que esta "seja uma tendência": "Até porque foi necessário efetuar muitas correções a experiências que correram mal", lembra, considerando que se tornou "evidente que o setor representa um bem essencial para a sociedade e que a ida ao cabeleireiro é um momento que proporciona bem-estar imprescindível para a autoestima".

Atualmente "muito preocupado com a situação económica do país, a diminuição do poder de compra dos cidadãos e a inflação de todas as despesas", Fernando de Sousa antecipa que este ano seja "mais um período de grande esforço financeiro para as empresas" do setor.

"No entanto, acreditamos que os profissionais do nosso setor são empreendedores e criativos por natureza e, mais uma vez, será posta à prova a sua capacidade de resiliência, sendo necessário, por parte do Governo, a criação de medidas excecionais de apoio para essa resiliência se manter", rematou.