Dois cêntimos é dinheiro

Passou despercebido a muito boa gente o anúncio do aumento do valor do preço pago aos produtores de cana de açúcar em dois cêntimos por quilo. Os falsos políticos que nos rodeiam tentaram de imediato abafar a questão, exigiram logo o pagamento de mais cinco cêntimos, mas é preciso não esquecer que houve uma valorização no preço, em cerca de 7% comparativamente a 2021, que resultou de um acordo entre o Governo Regional e os engenhos.

Como produtor de cana, consciente de que o valor mínimo a pagar nesta campanha era de 0,28€/kg, isto é, 28 cêntimos, preparava-me para receber praticamente o mesmo do que o ano passado, até que recebi uma chamada a dar conta da boa novidade, de que iria receber mais dois cêntimos por quilo. Obviamente, gostaria de receber muito mais, mas não ficar agradado com o aumento seria injusto. Agora, uma vez que os engenhos começam a ter mais margem de lucro, com o fim da pandemia, acredito que é possível continuar a aumentar o preço da cana nos anos vindouros, até como forma de motivar os agricultores a manterem a aposta num produto que está muito ligado à história da Madeira.

Para já podemos contar com 30 cêntimos, será importante chegar aos 35 cêntimos, mas para isso precisamos que o mercado corresponda às expetativas. E, nesse capítulo, é preciso que os madeirenses comecem a valorizar cada vez mais o nosso produto, aquilo que é nossa. É preciso que todos defendam que a nossa poncha tem de ser feita com rum da Madeira e não com uma vodka qualquer vinda de um país que está a provocar o caos no mundo.

Já agora, faço também um apelo àqueles que gostam de um digestivo após as refeições para experimentarem o que é nosso. Um rum da Madeira, em vez de uma aguardente feita num sítio bem longe daqui. Vão ficar surpreendidos!

Inácio da Silva