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Paulo Rangel diz que PSD não deve rever o posicionamento no espectro político

Foto Maria João Gala/Global Imagens
Foto Maria João Gala/Global Imagens

O eurodeputado Paulo Rangel diz que o PSD é um partido de centro-direita e não deve rever o seu posicionamento no espetro politico, adiantando que a derrota eleitoral impõe uma renovação e uma liderança da oposição afirmativa e construtiva.

Num artigo publicado no jornal Público no dia em que se reúne a comissão política do partido para analisar o resultado das legislativas de domingo, o ex-candidato à liderança do PSD diz que a derrota não deve apenas ter tomada "pelo seu valor facial", exigindo uma reflexão profunda e mudanças.

Lembra que as eleições legislativas de domingo resultaram numa "alteração substancial da paisagem político-partidária" e que o partido tem "novos desafios e novos reptos", exigindo uma reflexão e um debate profundo.

Rangel escreve que o PSD não tem um problema de identidade ideológica, que partilhou sempre uma base programática que ficou conhecida como a social-democracia portuguesa e que o partido não deve rever o seu tradicional posicionamento no espetro político.

"O PSD foi sempre um partido capaz de agregar o espaço que vai do centro-esquerda até à direita moderada. Não se deve, pois, ter medo das palavras: o PSD é um partido do centro-direita, que junta correntes provindas de uma inspiração plural (sociais-democratas, liberais, democratas-cristãos, conservadores)", escreve.

O eurodeputado adianta ainda que "uma deriva que ignore esta matriz de centro-direita e que hostilize a direita moderada está em contradição com o código genético e com a história do partido" e que para vencer futuras eleições o PSD tem de ser capaz de "conquistar o centro político (ao qual pertence naturalmente)" e para obter maiorias absolutas "terá de chegar a franjas do centro-esquerda".

Defende, por isso, que os grandes reptos do partido não são as questões da identidade ideológica e do posicionamento político-partidário, mas estão do lado da prestação política e da renovação do partido.

Elenca como primeiro desafio a liderança da oposição "de um modo visível, afirmativo e construtivo" e acrescenta: "Olhando para a inovação da IL, para a agressividade do Chega ou para o regresso da oposição da esquerda radical, vai ser uma tarefa muitíssimo exigente".

Defende que o PSD deve apostar no regresso dos debates quinzenais, "que asseguram a presença do escrutínio parlamentar no espaço público" e que o partido precisa de "investir de novo nas ligações à ciência e à cultura, às escolas, às empresas, aos parceiros sociais, às igrejas, às instituições de solidariedade, aos grupos e causas de todo o tipo".

O ex-candidato à liderança do partido, que perdeu para Rui Rio, defende igualmente que o PSD tem de ter uma estratégia que cative e mobilize as gerações jovens e que ajude a reganhar a confiança das gerações mais seniores: "Dois nichos geracionais em que precisa de ganhar massa crítica".

Pede ainda uma renovação, em novos rostos e em termos de organização e funcionamento e diz que a comunicação política da era digital "tem de ser uma prioridade na reforma das estruturas e da organização do PSD".

"Só assim o PSD estará de novo enraizado no país e sintonizado com os portugueses", conclui.