Madeira

"A Autonomia não pode ser tratada ao nível de uma secretaria de Estado"

A opinião de Violante Saramago Matos foi partilhada no programa 'Mulheres com palavra'

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A opinião de Miguel Silva Gouveia sobre a hipótese de Paulo Cafôfo poder ser secretário de Estado das Comunidades e Autonomias motivou intervenção de Violante Saramago Matos na rubrica 'Causa-me espécie' do programa da TSF 'Mulheres com palavra'.

A ex-mandatária da coligação 'Confiança' considera estar perante "uma opinião" atribuída, não entendendo a razão que leva o PSD a ficar "frenético" ao acusar o PS-M de anti-autonomista. "Miguel Gouveia não é quadro do PS. Reafirmou-o de todas as formas e feitios e por várias vezes. Transformá-lo em porta voz do PS parece-me um abuso. E quanto aos abusos, consentem-se ou não se consentem", refere.

Em relação à opinião do candidato derrotado nas últimas autárquicas no Funchal, Violante Saramago Matos entende que "emigração e autonomia não têm nada comum". "Defendo que a Autonomia não pode ser tratada ao nível de uma secretaria de Estado, e até entendo que o relacionamento deve ser sempre em patamares equivalentes – presidente do governo/primeiro ministro; secretários regionais/ministros", afirma. Contudo, deixa claro que esta "é só outra opinião, oposta", que não vincula mais ninguém: "Ora esta minha afirmação transforma o PS em autonomista? Ou o PSD dirá rapidamente que esta é só a minha opinião porque eu não sou quadro do PS? Faz-me espécie, a menos que tudo isto seja outra coisa bem para lá da secretaria de Estado e eu não esteja a ver.”

Recado a Pedro Calado

Violante Saramago Matos criticou a anunciada descentralização competências na Câmara Municipal do Funchal. Lembra que vigoram desde 2014 e acha que o executivo camarário denuncia-se: "Toma estas medidas porque as juntas merecem confiança e respeito. Confiança e respeito, agora, porquê? Boa vontade da CMF? Não! Uma Câmara tem que cumprir a lei, não tem que favorecer órgãos eleitos, como as freguesias, só porque confia ou que acha que merecem respeito"

Não percebe porque é que só agora a descentralização será definitiva. "E porque não foi antes? Porque o governo e Calado nunca quiseram fazer legislação regional que regulasse essa descentralização e tinha que ser feita por contrato administrativo anual. Agiram de má-fé, uma vingança do PSD para castigar os funchalenses que tinham feito a CMF mudar de cor política", refere,  acusando Pedro Calado de querer "transformar a Madeira numa colonia de que ele seja o dono", considerando que "está a preparar o terreno servindo-se da autarquia.”

Apostar num justo acesso à cultura

Na actualidade em revista, Elisa Seixa abordou o adiamento da constituição do governo para fins de Março, resultante da repetição da votação do círculo da europa, Elisa Seixas considera que o Tribunal Constitucional dificilmente poderia ter tido outra decisão. "Temos, portanto, o País sem orçamento 2022 seguramente em metade do ano. E por muito contorcionismo que o PSD faça, não consegue limpar as mãos à parede e atirar as responsabilidades para outros".

Na análise sobre os resultados do Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses, divulgado esta semana, Elisa Seixas salienta que "o inquérito é um instrumento de trabalho importante para o desenho de políticas culturais que tenham, de facto, o objetivo esbater as desigualdades e apostar num justo acesso à cultura".

Cresce o discurso de ódio sobre os jornalistas

No programa desta semana, uma vez mais conduzido por Cátia Pestana, a convidada foi Carla Cerqueira que é doutorada em Ciências da Comunicação - especialidade de Psicologia da Comunicação (tese sobre a cobertura do Dia Internacional das Mulheres na imprensa portuguesa desde 1975 a 2007) e tem pós-doutoramento em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho. Actualmente é professora auxiliar na Universidade Lusófona, investigadora integrada no CICANT - Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias e colaboradora no CECS - Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade.

Pronunciou-se sobre a cobertura mediática do atentado que não o chegou a ser, sobre o comentário exaustivo e as análises clínicas em directo. “Este caso parece-me que demonstra tudo o que não deve ser feito no jornalismo enquanto cobertura noticiosa" o que faz com que muitas vezes "se descredibilize o jornalismo e a classe, o que leva a situações como discursos de ódio sobre jornalistas”. “Os dados mostram-nos que a violência online, por exemplo, e o discurso de ódio sobre os jornalistas estão cada vez mais presentes”, refere.

A TVI esqueceu-se completamente que nós estamos perante um crime que é um crime público e qualquer pessoa que vir aquilo tem o dever de denunciar”. Carla Cerqueira

Sobre o recente caso de violência nas relações de intimidade no programa Big Brother, da TVI, dá conta que “houve realmente aproveitamento por parte do canal no sentido de expor a violência e de não questionar, e até de legitimar”. Esclarece contudo que “na mentalidade portuguesa há uma evolução em termos da cobertura noticiosa de casos de violência nas relações de intimidade ou de diversas formas de violência de género". "Não podemos dizer que acontece em todas as situações, mas em muitas delas já há um tratamento aprofundado que coloca a questão como um problema social, que traz as vozes das organizações que trabalham dentro deste âmbito”, opina.