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Centeno defende que subida dos juros se deve refletir nos depósitos

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O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, defendeu hoje que a subida das taxas de juro se deve refletir nos depósitos, um dos temas que tem levantado maior debate na banca.

"O reflexo das subidas das taxas de juro deve fazer-se sentir nos depósitos, para que a poupança passe a ter outro significado", afirmou o governador, durante uma intervenção na conferência "A banca do futuro", organizada pelo Jornal de Negócios.

Mário Centeno sublinhou que "a normalização da política monetária provocou um aumento das taxas de juro de uma magnitude considerável".

"Não lhe podemos ficar indiferente. Vai requerer uma resposta coletiva, semelhante à que demos no passado recente", disse.

Ao longo da sua intervenção, o responsável do regulador bancário defendeu que banca portuguesa está a par do sistema bancário europeu, enfrentando riscos comuns.

"Não é surpreendente que os principais fatores de risco do sistema bancário passem pela inflação elevada e persistente, pelo aumento abrupto das taxas de juro e pelo abrandamento forte da atividade económica", apontou.

Para o governador, "no curto e médio prazo, as taxas de juro estruturalmente mais elevadas deverão ter um efeito favorável sobre a margem financeira", uma vez que irão potenciar "uma maior diversificação da carteira de dívida pública, mas também poderão resultar na desvalorização da carteira de ativos".

"Não deve ser também descurada a pressão adicional sobre a margem financeira que as taxas de juro mais elevadas colocam nos custos de financiamento de mercado dos bancos", acrescentou.

Ainda assim, alertou que, "por outro lado, a subida dos custos de financiamento, num quadro de deterioração das expectativas económicas, poderá resultar numa menor procura por crédito e numa redução na capacidade de cumprimento das obrigações contratuais por parte dos devedores", o que se poderá materializar "num aumento do risco de crédito para o sistema bancário e refletindo-se num aumento das imparidades".

"Não se espera, contudo, um aumento abrupto na materialização do risco de crédito que ponha em causa a estabilidade do sistema financeiro", vincou.