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A Divina Comédia

O inferno em vida é certo, quando temos no perímetro uns que passam a vida a atormentar a vida dos outros, por diversos meios

No século XIV, o mundo da literatura recebeu a obra de Dante, com diversos campos interpretativos na passagem pelo inferno, pelo purgatório e pelo paraíso.

A ver bem, em todos os séculos viveu-se uma “divina terrena comédia”, em muitos episódios que marcaram a História Universal e o século XXI não será exceção, quando alguém olhar para a História deste quinto de século já realizado.

Para além da obra que merece ser lida e relida e o Verão é propício para leituras, aproveite-se para o exercício da comédia terrena, sem final feliz à vista, no que respeita à pandemia.

O inferno em vida é certo, quando temos no perímetro uns que passam a vida a atormentar a vida dos outros, por diversos meios.

Em contexto de pandemia, uns ainda brincam com a vida e saúde dos outros. Até a confusão gerada na determinação do que tem de ser feito, para proteção da saúde de todos, em estado excecional gerado por uma pandemia mundial, tem um cheiro a inferno.

A vacinação está quase neste patamar porque foi ativado o gerador da complicação para algo que se julgaria ser simples.

Primeiro ficou-se a sonhar com a chegada da vacina.

Chegou a vacina, especulou-se sobre a fiabilidade e eficácia das vacinas. Discutiu-se o país de origem e até a influência (interferência) do regime político para a opção da vacina.

As faixas etárias mais jovens e o número de doses a tomar são as cenas dos atuais capítulos.

Com óbvia salvaguarda do que cabe à ciência e aos especialistas (verdadeiros especialistas) tudo o resto é digno de estudo, um dia, quando tudo isto acabar.

Falar do purgatório é sempre um bom exercício para os momentos atuais da pandemia e ainda mais, em vésperas de eleições autárquicas.

Quantos ficam a vida (toda) numa espécie de purgatório, presos no “nim”. Com pecados, mas a achar que serão salvos para o paraíso. Uns críticos de quem faz e de quem não faz, uns como observadores, outros como instrutores de bancada, a preceituar táticas sem real noção do contexto, mas tão julgadores quão narcisistas. Haja paciência.

Para estes, não há vagas no inferno que cheguem. Alguns, nem o inferno os quer. Aqui cabem os que só no contexto de pressão do voto, tomam consciência que as pessoas não são meros boletins de papel numa caixa de madeira.

O paraíso que na obra de Dante completa a alegoria, é possível comparar com o que temos todos os dias e não valorizamos.

O paraíso é na terra, quando temos saúde. Quando sabemos que numa pandemia mundial, com tantas vidas perdidas a lamentar, temos na Região Autónoma da Madeira, uma situação contida, por resultado do trabalho duma enorme equipa com diferentes valências, que se complementam, que se mantém em alerta máximo neste Verão, em prol de todos os cidadãos.