Madeira

Três afrontas

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Boa noite!

1.

“O estado da imprensa na Madeira é mau”. Edgar Aguiar

O proprietário, presidente e director do semanário Tribuna da Madeira e das revistas Saber e Fiesta, onde também deve ser jornalista, não tem mandato para tomar a parte como um todo. É que ao generalizar da forma que o fez no parlamento atenta contra as contas publicadas, nomeadamente pelo DIÁRIO numa das edições de Junho. Não sei se leu mas, mesmo em ano de pandemia, não fechámos no vermelho.

Se não emprega o número mínimo de profissionais que lhe permita aceder ao MEDIARAM devia bater-se pela alteração de regras e pela revisão dos critérios do decreto que considerou ter sido feito “à medida” para “excluir” o que nunca esteve incluído. Percebemos a revolta de quem não cumpre com os requisitos estabelecidos mas considerar como “estrangulador” um sistema equitativo e que veio corrigir distorções é no mínimo estranho e hilariante. O registo saudosista está na moda. Não deve faltar muito para ouvirmos que antes, no tempo da concorrência desleal e selvagem e dos 50 milhões de euros espatifados no jornal do regime, é que era bom. Apenas porque um meio, deliberadamente perseguido pelo poder, quase que morria por asfixia.

2.

"Nas regiões autónomas, a publicidade comercial não só é necessária e apreciada, como se pode considerar indispensável ao fomento do mercado regional, contribuindo para o desenvolvimento das suas empresas”. Adolfo Brazão

O deputado social-democrata até pode estar bem documentado nesta matéria, mas se não exibir um estudo de mercado a este propósito nas próximas horas vai dar razão os que consideram que a sua percepção está assente no palpite e no ‘achismo’.

Classificar de "erro crasso" e um revés para as empresas madeirenses a eliminação da publicidade na RTP-Madeira implica sustentar tamanha certeza. Já agora, quantas empresas genuinamente madeirenses fazem publicidade na televisão regional, a que horas e a que preços? A troco de quê é que algumas ‘investem’? E qual é a receita anual da publicidade nativa na RTP-M?

Quanto ao contrato de concessão da RTP, que deve prever a instalação de uma estrutura permanente no Porto Santo, totalmente de acordo. E nos outros concelhos idem. Se nós, privados, temos um DIÁRIO por freguesia, com diversidade de conteúdos garantida, porque é que quem recebe mensalmente a taxa de audiovisual embrulhada na conta da luz não o faz?

3.

 “No momento em que a imprensa está nas mãos de privados, cruzando acções e uniformizando conteúdos, é importante termos um serviço público que está acima de acções económicas e interesses empresariais”. Victor Freitas

O senhor deputado, que se presume ainda seja socialista, quer a imprensa toda nas mãos do Estado, pois na sua óptica, é o único que garante a independência, a imparcialidade e o rigor. Povo enganado. A razão é outra. O parlamentar quer a imprensa submissa e controlada, entretida com um sem números de obrigações. Na prática, quer da mesma fazer o que faz com os meios públicos, obrigados a dar-lhe tempo de antena, mesmo que não tenha nada para dizer.

Desconfia-se que o senhor deputado, para além de não ler jornais, não distinga o original do plágio, a primeira mão do requentado, o exclusivo que dá trabalho e da agenda que lhe dá jeito. Basta que veja um pouco de televisão.

Não nos vamos esquecer de mais esta afronta parlamentar vinda de uma bancada que julgávamos mais arejada, cúmplice das liberdades, entre as quais as de imprensa e de expressão, e grata ao pluralismo. Vemos que a ingratidão social-democrata, manifestada recentemente, já minou a vizinhança mais vulnerável.