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Cientista que desenvolveu vacina chinesa aceite pela Madeira morre da doença

Novilia Sjafri Bachtiar é uma das mais de mil vítimas no país asiático, num dia em que foram batidos recordes diários de novos casos e mortes

Foto Twitter/@andreasharsono
Foto Twitter/@andreasharsono

A cientista principal que desenvolveu os testes clínicos da vacina Sinovac na Indonésia morreu ontem vítima de covid-19, segundo reportam os meios de comunicação locais e confirmados pela agência Reuters. Novilia Sjafri Bachtiar é uma das mais de mil vítimas de covid-19, num dia em que o país do sudoeste asiático bateu os resordes diários de novos casos e de mortes.

A Indonésia é um dos países onde a vacina Sinovac tem sido mais amplamente usada e que recentemente foi declarado pelo secretário regional de Saúde da Madeira, Pedro Ramos, como uma das que é aceite como boa para permitir a entrada de turistas com o certificado digital na Região Autónoma.

Ainda que não haja uma correlação entre a morte da reputada cientista indonésia e a eficácia (ou não) da vacina chinesa, a verdade é que desde 1 de Junho que a Organização Mundial de Saúde (OMS) validou a Sinovac para uso de emergência e emitiu recomendações de políticas provisórias.

Citando a agência de notícias do país com mais de 270 milhões de habitantes, a cientista de 52 anos Novilia Sjafri Bachtiar morreu de coronavírus. A notícia da Kumparan, com sede em Jacarta, também é confirmada pela Sindonews, que citou "um funcionário da empresa farmacêutica estatal BioFarma, que afirmou que ela tinha sido enterrada de acordo com os protocolos da covid-19".

O ministro responsável pelas empresas estatais, Erick Thohir, publicou uma mensagem no Instagram lamentando a "enorme perda" na BioFarma, que está a produzir a vacina, mas não revelou a causa da morte.

"Ela foi cientista-chefe e chefe de dezenas de testes clínicos feitos pela BioFarma, incluindo testes clínicos da vacina covid-19 em cooperação com a Sinovac", disse, citado pelos meios de comunicação. O Sinovac "foi produzido e injectado em dezenas de milhões de pessoas na Indonésia, como parte de nosso esforço para nos vermos livres dessa pandemia covid-19", acrescentou.

Refira-se que "a infecção e as mortes de profissionais de saúde na Indonésia que receberam a vacina Sinovac aumentaram as dúvidas sobre sua eficácia na prevenção de hospitalização e morte", garantem ainda. "De acordo com o grupo de dados independente Lapor Covid-19, 131 profissionais de saúde, a maioria vacinados com a vacina Sinovac, morreram desde Junho, incluindo 50 em Julho".

Com um recorde de mais de mil mortes e também o máximo diário desde o início da pandemia de 34.379 infecções, esta última vaga de infecções está a ser "impulsionada pela variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia".

É ainda citado o porta-voz da Sinovac, Liu Peicheng, que em Junho dissera à Reuters que "os resultados preliminares mostraram que a vacina produziu uma redução de três vezes no efeito neutralizante contra a variante Delta".

Recorde-se que Pedro Ramos disse que a Madeira, ao contrário de Portugal continental, onde apenas são aceites uma das quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), nos casos a BioNTech-Pfizer, a Moderna, a AstraZeneca e a Janssen, as outras vacinas "não aprovadas pela Europa", casos da Sinopharm ou a Sinovac (chinesas), Sputnik (russa), Covaxin (indiana), Epivaccorona (russa) ou a Soberana (cubana) são também válidas" para os viajantes que queiram vir à Região. E acrescentou: "A Madeira considerou receber todas as vacinas que foram administradas até agora no mundo inteiro. Se milhões de pessoas fizeram a sua vacinação [com as outras vacinas], “naturalmente que o seu grau de protecção é semelhante às outras vacinas.”

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Em Junho, conforme noticiou a agência Lusa, "o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, levantou dúvidas quanto à eficácia da vacina chinesa contra a covid-19, apontando como exemplo a falta de resultados da Sinovac no Chile, e também quanto à russa Sputnik". E frisou: "A vacina chinesa (Sinovac), que nunca fez o pedido [junto da EMA] e que, em todo caso, a EMA também não aprovou, mostrou-se inadequada para enfrentar a pandemia, como se pode verificar pela experiência do Chile."

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