Análise

Resoluções de ano novo

Que as medidas a anunciar hoje não se limitem a quadrados. O vírus anda aos círculos

Considerando que os números da pandemia na Madeira são cada vez mais preocupantes, com registos sucessivos de novos máximos históricos;

Considerando que é hora de dizer basta a vários desleixos, alguns dos quais imprudentemente patrocinados por membros do executivo madeirense;

Considerando que a firmeza governativa revelada no início do combate à pandemia tem vindo a esmorecer, sendo evidente alguma apatia na época festiva, mau grado as bem sucedidas inovações geométricas;

Considerando que importa reforçar o apelo à responsabilidade de cada cidadão para que não deite tudo a perder com convívios alargados em zonas de escrutínio inacessível e ajuntamentos desnecessários em apartamentos de reduzida dimensão;

Considerando que ainda está por provar o comportamento exemplar na passagem de ano, pois entre uma rajada de metralhadora em noite fria, uns valentes apupos por falta de quadrado com vista privilegiada, o melhor mesmo foi ficar em casa, resta saber em que condições;

Considerando que as vacinas só fazem efeito após a segunda dose, e que ao ritmo de 200 inoculados por dia numa primeira fase, serão precisos 271 dias, qualquer coisa como nove meses, para atingir os anunciados 50 mil cidadãos.

Considerando que todos seremos poucos para combater de forma determinada a pandemia, mesmo que um autarca, perante as notícias de risco elevado, tenha preferido atacar o DIÁRIO, enquanto outros actuaram de acordo com o alerta…

Antes que isto dê para o torto e o porco passe a ser o novo culpado pelo acréscimo do número de infecções por Covid-19, ao senhor governo - que só hoje reúne para correr atrás do prejuízo causado pelo facto do presidente da Câmara do Funchal ter tomado a dianteira e em princípio, adoptar medidas que decorrem do agravamento substancial da saúde pública na Região - exige-se:

. Que haja um adiamento por tempo considerável do regresso às aulas, até que todos os alunos sejam testados, sob pena de o efeito mutiplicador dos contágios disparar e motivar pânico acrescido, baldas desenfreadas e baixas legítimas.

. Que seja implementado um regime de teletrabalho, sobretudo para quem habitualmente vem fazer sala, usar o telefone e arejar a roupa de marca a alguns serviços públicos.

. Que seja acautelado o necessário descanso aos profissionais de saúde que não têm tido mãos a medir e a espaços confidenciam exaustão.

. Que sejam encontradas alternativas aos dispositivos de Segurança em vigor, pois a Polícia já não dá para as encomendas, impondo, por exemplo, o recolher obrigatório e limitações de circulação.

. Que sejam redimensionadas as lotações dos transportes públicos, nem que, para tal, seja aplicada a lógica do quadrado.

. Que sejam incluídas nos boletins epidemiológicos as percentagens de casos positivos detectados no segundo teste e que seja feito um balanço sério à quadra natalícia, já que estudantes e emigrantes estão de volta às origens, não regressam tão cedo até porque o Carnaval foi cancelado e se calhar vão ter que gastar dinheiro no psicólogo por terem sido submetidos a confinamentos forçados.

. Que entrem em vigor doses acrescidas de bom senso de modo a que sejam evitadas figuras tristes e humilhações ultrajantes. Não faz sentido uma equipa de futebol oriunda da zona do País com o maior número de infectados, chegue de manhã e treine à̀tarde e os estudantes, emigrantes e residentes tenham ficado 5, 7, 10 ou 14 dias em isolamento.

. Que recomende prudência aos plagiadores pois a produção de conteúdos está protegida por direitos de autor.

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