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Para quando uma política séria?

Temos assistido a debates inócuos na ALM e ainda espetáculos verbais degradantes, próprios de um país de terceiro mundo. Os senhores deputados primam por fazer política partidária, apenas a pensar no voto, em detrimento de uma discussão séria e construtiva que esclareça os madeirenses e porto santenses e os ajude a resolver os seus problemas, todas as ofensas são válidas desde que defendam o partido que lhe proporcionou um assento no Parlamento o que leva alguns a tornarem-se mesmo intragáveis. Isto não é democracia, é uma patranha travestida que nos impingem, pois não respeita valores democráticos, a população que os elegeu nem dignifica os próprios deputados. Perante tais atitudes não têm direito ao respeito da população, nem moral para o exigir. Já que tanto falaram em revisão à Constituição porque não começam pela regra das boas maneiras, não basta alterar o estatuto político administrativo se não houver respeito pelo lugar que ocupam e pela população que os elegeu. A função do Governo é governar, a função dos deputados eleitos, seja de que partido for, é fiscalizar os atos do Governo, o que for fora disso é apenas peixeirada. O povo fica com a sensação que nas Assembleias Legislativas, de cá e de lá, estão ali deputados apenas porque não sabem fazer outra coisa. Os de cá clamam constantemente por mais autonomia mas nem sabem usar a que têm, pois as maiorias chumbam propostas válidas para a Região apenas porque sim. Isto é de uma incompetência atroz que prejudica grandemente a nossa população. Perdem o tempo a ofenderem-se mutuamente quando têm tantos problemas graves para discutir? A corrupção grassa de forma imparável. Os combustíveis sobem de preço todas as semanas. O custo de vida aumenta assustadoramente. As listas de espera para cirurgias ou consultas aumentam todos os dias. Mais de 400 mil portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza e aumenta exponencialmente o contingente dos sem-abrigo. Os trabalhadores auferem ordenados de miséria que nem lhes permite uma vida digna. Meus senhores isto não é fazer política séria, é brincar aos partidos. Os senhores deveriam dar-se ao respeito quando mais não fosse pelo imerecido salário mensal que auferem ao contrário de muitos dos trabalhadores que os elegem e têm um emprego precário e mal remunerado. Só para avivar memórias, o DN em Outubro de 2019 anunciava que cada deputado aufere cerca de 3.620 euros mais 750 € ou 1.500€ para refeições, conforme a deslocação envolva metade ou a totalidade do dia de trabalho e mais 24€ por cada quilómetro oficial da distância desde que viva fora do concelho do Funchal, o que totaliza, conforme os casos, próximo de 6.000€ cada um. Não acham que por este valor deveriam levar mais a sério o vosso trabalho? Acham que merecem salário e benesses para passarem o dia a ofenderem a deputada (a) porque leva um vestido enrramado ou o deputado (b) porque não apertou o nó da gravata, para não falar daqueles que, nos plenários, brincam com os telemóveis?

Por outro lado a despesa que a Região suporta, segundo a mesma notícia, com o Governo Regional é brutal onde o Presidente do GR aufere um salário de cerca de 7.760 euros bruto, mensal, incluído cerca de 2.000 euros de ajudas de custo. O Vice presidente aufere cerca de 6.300€ mensais. Os dois diretores regionais afetos à vice-presidência com estatuto superior, auferem 78.000€/ano, o equivalente a 5.570 €/mês, cada um. Os Secretários regionais levam para casa 4.600€ mais 1600 euros em ajudas de custo que perfaz 6.200/mês e os diretores regionais e equiparados, recebem, cada um, cerca de 61.700€/ano o equivalente a 4.407€ mês. Em contrapartida um médico que nos/vos cura as maleitas e nos/vos salva da morte auferem um salário de 2.500€/mês. Isto sim terá que ser revisto, pois merece mais seriedade. Grande parte do orçamento regional é absorvido com despesas inerentes à política numa região com cerca de 255 mil habitantes, apenas.

Apetecia-me lembrar-vos que estamos à beira de eleições mas não vale a pena, pois eu sei que os senhores sabem que o voto é certo, pois grande parte dos madeirenses já se habituaram à vossa cantilhena para enganar incautos, atribuindo todos os males aos partidos de esquerda ou direita quando, na verdade, a culpa está nos homens e mulheres que são eleitos. A política não pode ser levada a sério quando a oposição vê tudo negro e os governantes vêm tudo branco, pois também há uma zona cinzenta para onde todos deverão convergir e não persistirem teimosa e ignorantemente numa política de terra queimada, pois a Região não evolui, a população sofre e o país não avança.