Mundo

Mais de uma centena de detidos na Venezuela por falsificar documentos de identificação

None

As autoridades de migrações venezuelanas anunciara, esta segunda-feira, a detenção de mais de 100 pessoas por emissão fraudulenta de documentos de identificação a cidadãos que captavam através das redes sociais.

"Funcionários do Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Estrangeiros (Saime), adstritos à Inspetoria Geral, após árduos trabalhos de contraespionagem, conseguiram deter mais de 100 cidadãos, entre os meses de janeiro e julho deste ano, por tramitação de documentos de identidade de maneira fraudulenta", explica o Saime na rede social Instagram.

O Saime acrescenta que se trata de crimes previstos na Lei Contra a Corrupção e na Lei Contra os Delitos Informáticos.

Segundo o diretor-geral daquele organismo, Gustavo Vizcaíno, os detidos contactavam pessoas que necessitavam de tratar de documentos de identificação, através das redes sociais WhatsApp, Facebook e Instagram, a quem "cobravam elevadas somas de dinheiro em moeda estrangeira".

Os criminosos, emitiram "bilhetes de identidade, passaportes, extensões de validade do passaporte venezuelano" e "vistos para estrangeiros" que "não cumprem com as medidas de segurança estabelecidas pelo principal organismo de identificação do país".

Entre os detidos encontra-se uma funcionária do Serviço de Migração, colocada no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetia (o principal do país), no Estado de La Guaira, 27 quilómetros a norte da capital.

Segundo Gustavo Vizcaíno foram ainda desarticulados "grupos" envolvidos em atividades administrativas, que vão ser acusados dos crimes de obtenção ilegal de lucro em atos da administração pública e crime de fraude eletrónico.

As detenções ocorrem em momentos em que cidadãos estrangeiros, entre eles portugueses, se queixam de que os seus passaportes estão retidos no Saime, desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020, à espera pela renovação de vistos de residência.

Vários portugueses, que pediram o anonimato por recearem "complicações", disseram à agência Lusa que tinham o cartão de cidadão estrangeiro (emitido pelas autoridades venezuelanas) caducado e que não podiam renovar sem ver normalizada a situação dos vistos de residência.

Por outro lado, vários venezuelanos reagiram ao anúncio das detenções, questionando o Saime pela demora na entrega de documentos.

"Isso acontece porque demoram muito para entregar os passaportes e as pessoas preferem pagar para que lhes entreguem rapidamente. Têm que ser mais rápidos. Comecem a trabalhar mais depressa e deixem de falar tantas parvoíces", escreveu uma cidadã, Isa León, no Instagram.

Outro popular, Mauricio Irady Massari, exigiu, também através do Instagram, que as autoridades do Saime comecem "já a emitir sem obstrução alguma, documentos como os bilhetes de identidade".

O mesmo utilizar reclama ainda que o Saime cobra 200 dólares norte-americanos (169 euros) pela emissão de cada passaporte venezuelano.

"Que emitam (os documentos) imediatamente e os enviem rapidamente aos consulados.  Não é possível que tenhamos que viver (...) como apátridas, porque não podemos receber os nossos documentos de identidade", sublinha Mauricio Irady Massari.

Há ainda pessoas que se queixam de estarem há dois anos à espera de passaporte, outros que foram notificados de que têm de anular os seus passaportes para solicitar novos, além de reclamações por problemas com o pagamento efetuado e queixas por dificuldades com marcações no Chile e em Espanha.