Adão e a tentação de Costa

Para presidir às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, António Costa (AC) escolheu Pedro Adão e Silva (PAS) militante do PS e comentador político em vários programas de TV. Nada contra PAS por aproveitar o palco mediático que as TV lhe colocam à disposição para expor as suas ideias políticas. Se há que criticar é o facto de as TV permitirem o “açambarcamento” desse mesmo palco por um grupo de “influencers” quase sempre os mesmos, quando poderiam e deveriam trazer para o palco mediático muitas outras personalidades e opiniões diversificadas. Sem pôr em causa a sua competência técnica para o cargo quando PAS diz que não se auto-convidou para o mesmo tal não significa que não pudesse tê-lo recusado e se o tivesse feito teria prestado um efetivo tributo ao 25 de Abril e à DEMOCRACIA. O grande problema e não vem de agora, é que ao aceitá-lo contribuiu para que AC prossiga naquela tentação irresistível e irreprimível de colocar o máximo de “boys” do PS em cargos públicos de relevo no Estado e nas empresas públicas, numa espécie de “cerco” à DEMOCRACIA. Uma “habilidade” de AC é criar factos políticos sempre que quer distrair-nos de algo com impacto negativo para o seu governo ou para o PS. Esta nomeação extemporânea de PAS enquadra-se nessas manobras de diversão antecipando a polémica que envolve Medina na CML por fornecer à Rússia os dados pessoais de manifestantes anti-Putin. Se AC pretendesse exclusiva e verdadeiramente homenagear os 50 anos da Revolução Militar de 25 de Abril de 1974, que é o mesmo que dizer a LIBERDADE e a DEMOCRACIA que ela tornou possível para todos os portugueses e não apenas para os militantes e simpatizantes do PS, teria escolhido para presidir às comemorações uma personalidade prestigiada e com perfil suprapartidário que pudesse merecer a aceitação de todos os partidos. Em vez disso cedeu à sua habitual tentação de colocar o interesse do PS acima do interesse da DEMOCRACIA e do País.

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