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Centro Português de Caracas realizou primeira actividade cultural em pandemia

Foto Facebook Liliana de Faria
Foto Facebook Liliana de Faria

O Centro Português de Caracas realizou a primeira atividade cultural desde março de 2020, quando a pandemia de covid-19 chegou à Venezuela, e agenda uma programação para provocar, nos próximos meses "uma explosão de portugalidade" sob medidas de biossegurança. A primeira atividade cultural do Centro Português de Caracas (CPC) foi uma tarde de fados com a cantora luso-venezuelana Liliana de Faria, que reuniu mais de 200 pessoas no "Cantinho da Cultura".

"O fado é uma parte muito importante da cultura musical de Portugal. Fizemos esta tarde de fado para aproximar as pessoas e retomar as atividades do Centro Português. Foi um sucesso e faz parte do 'Projeto Portugalidade', que procura destacar a cultura portuguesa", explicou Sérgio Nunes, presidente do CPC à Lusa. Sérgio Nunes referiu que no clube estão a fazer "um grande esforço" para continuar a promover a cultura portuguesa, mas "adaptados à nova realidade" imposta pela pandemia de covid-19 no país e que está já agendado uma exposição sobre o Mosteiro dos Jerónimos para dar a conhecer o monumento à comunidade.

Por outro lado, a diretora de Cultura do CPC, Ana Maria de Abreu, explicou que a tarde de fados esteve inicialmente prevista para março de 2020, mas foi adiada por causa da pandemia. "O isolamento (quarentena preventiva) tem feito que as pessoas fiquem em casa, com muito medo de sair, de interagir. Acho que aconteceu uma coisa muito mágica (...) O projeto portugalidade não vai parar. Vem uma explosão de portugalidade, vamos encher o Centro Português de mais e mais eventos culturais", disse. A responsável explicou que está previsto "um 'conversatório' (mesa de intercâmbio de ideias) sobre os instrumentos da música portuguesa" e outros eventos que aguardam data, por esperarem pelas "regulações governamentais" locais, sobre a evolução da pandemia no país. "A pandemia tem-nos feito mal, tem semeado no coração muita tristeza, muito medo, muitos nervos, e eventos como estes fazem que as pessoas encham a alma de energia, de alegria, que se sintam mais perto de Portugal", frisou.

Ana Maria de Abreu insistiu que "as pessoas se habituaram a ficar em casa", mas têm de retomar a convivência. "Temos de voltar à nossa vida quotidiana, ao trabalho, a vir ao clube, ir à escola, de frequentar cursos, de visitar amigos e fazer jantares em família, ouvir fados, ir ao cinema, ao teatro", advogou. Explicou ainda que o distanciamento social e as medidas de biossegurança aplicadas pelo clube são "ideais e os associados podem sentir-se seguros" dentro do Centro Português.

Por outro lado, a cantora luso-descendente Liliana de Faria explicou à Lusa que foi o seu "primeiro espetáculo com público presente desde que começou a pandemia". "Estou muito feliz porque o Centro Português é a minha segunda casa e porque sinto-me orgulhosa das minhas raízes, porque gosto de o nome de Portugal em alto", disse. A cantora considerou também que "foi um reencontro muito bonito" e que com a chegada da pandemia pararam os concertos, que tem dado entrevistas e gravado vídeos que divulga através das redes sociais. Explicou que deu um concerto 'online' por ocasião do Dia Internacional da Língua Portuguesa e insistiu que é preciso que algum "organismo dê uma oportunidade para que os lusodescendentes vão a Portugal e demonstrem o seu talento".

A Venezuela está em quarentena preventiva da covid-19 desde março de 2020, aplicando atualmente um programa local que consiste em sete dias de flexibilização seguidos por sete dias de estrito confinamento. De acordo com os dados oficiais, o país contabilizou 2.595 mortes associadas ao SARS-CoV-2 e 230.147 casos da doença, desde o início da pandemia.