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Maduro sujeita negociação com oposição ao levantamento de sanções

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O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse hoje que só negociará com a oposição venezuelana, aliada de Juan Guaidó, se forem levantadas imediatamente as sanções internacionais contra o país, entre outras condições.

Maduro quer também que seja reconhecido o parlamento eleito nas legislativas de dezembro de 2018, em que a oposição não participou, e libertadas as contas bancárias bloqueadas no estrangeiro e os ativos da empresa petrolífera estatal e do Banco Central da Venezuela.

"Estou feliz por obrigarmos a direita extremista a ir ao encontro do diálogo e da negociação (...). Concordo com uma grande mesa de diálogo nacional, começando com três pontos: o levantamento imediato das sanções ilegais contra a pátria, o reconhecimento dos poderes públicos do Estado e a devolução de contas bancárias e dos ativos (património) da Venezuela", disse.

Nicolás Maduro falava durante uma ação sobre a Lei de Zonas Económicas Especiais, transmitida pela televisão estatal venezuelana, explicando que concorda com um diálogo em que participe o Governo da Noruega e diversos setores internacionais, com estas condições.

"São três pontinhos [condições]", disse, "se quiserem negociar".

Segundo Nicolás Maduro, "o Norte (EUA)" deu "a ordem à direita extremista para participar nas eleições" regionais previstas para 21 de novembro de 2021.

Em 16 de maio, o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, afirmou que tem estado em conversações para que uma delegação da Noruega visite em breve a Venezuela, para mediar o diálogo entre a oposição e o Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Guaidó anunciou também que a oposição está pronta para avançar com um acordo para "salvar a Venezuela" da crise em que está mergulhada.

"Uma delegação da Noruega esteve este ano duas vezes na Venezuela. Estamos em conversações para que venham o mais rápido possível, para avançar no processo para conseguir um acordo de salvação nacional", disse Guaidó, durante um encontro com representantes de vários partidos políticos venezuelanos e antigos deputados.

Juan Guaidó disse que a oposição está pronta "para iniciar o processo e chegar a um acordo de salvação nacional" e voltou a insistir que o país precisa de eleições livres e transparentes.

"Vamos salvar a Venezuela: é necessário e também urgente. Digo ao regime que se ponham de acordo, nós já estamos prontos para alcançar um acordo de salvação nacional", afirmou.

Em 12 de maio, Juan Guaidó propôs avançar com um "acordo de salvação nacional" entre as "forças democráticas" e o Governo de Nicolás Maduro que inclua um calendário para eleições livres e o levantamento progressivo das sanções internacionais.

O plano proposto por Guaidó prevê também "a entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a covid-19; garantias para todos os atores das forças democráticas e também do 'chavismo', com mecanismos para a reinstitucionalização da Venezuela, a libertação dos presos políticos, justiça de transição e o levantamento progressivo das sanções" internacionais.

O Presidente Nicolás Maduro reagiu e anunciou estar disposto a dialogar, quando a oposição quiser, "com a ajuda da União Europeia, EUA, Noruega e o Grupo de Contacto", afirmando querer ver se a oposição deixa "o caminho da guerra e se junta ao eleitoral".

A Noruega já foi, em 2019, e sem sucesso, mediadora de um processo de diálogo entre o Governo venezuelano e a oposição.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó, na altura presidente do parlamento, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas na Venezuela.