Mundo

Primeira-ministra eleita em Samoa impedida de prestar juramento

 Naomi Mata'afa
 Naomi Mata'afa, AFP

A primeira-ministra eleita no arquipélago de Samoa, Fiame Naomi Mata'afa, foi hoje impedida de entrar no parlamento para prestar juramento, depois de o seu principal opositor ter recusado reconhecer a derrota.

A entrada na Assembleia Legislativa foi-lhe recusada, quando tentava entrar, acompanhada pelos juízes que iriam assistir ao seu juramento como a primeira mulher a chefiar o Governo do país do Pacífico Sul, levando-a a denunciar um golpe de Estado.

Segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), Fiame Naomi Mata'afa apelou ao reconhecimento dos resultados das eleições gerais de 09 de abril, perante apoiantes reunidos diante do parlamento.

"Precisamos de samoanos corajosos neste momento (...) para fazer respeitar a nossa eleição", disse.

Há 22 anos no poder, o primeiro-ministro Tuilaepa Sailele Malielegaoi recusou-se a reconhecer a derrota, apesar de os tribunais terem confirmado que Mata'afa venceu o escrutínio do mês passado, tendo conquistado mais um assento.

"Esta é uma tomada de controlo ilegal do governo, é isso que são os golpes de Estado", disse a vencedora das eleições ao jornal neozelandês Newshub, no domingo.

"Temos de lutar, porque queremos que esta nação continue a ser um país, queremos manter este país democrático, fundado no Estado de direito", acrescentou.

O parlamento deveria reunir-se hoje para uma cerimónia presidida pelo Juiz Supremo Satiu Simativa Perese.

O secretário da Assembleia Legislativa afirmou que, por ordem do chefe de Estado, Tuimalealiifano Vaaletoa Sualauvi, não podia permitir que o Parlamento se reunisse.

No sábado, Sualauvi suspendeu, sem qualquer explicação, a sessão especial que deveria realizar-se hoje, uma decisão considerada "ilegal" pelo Supremo Tribunal.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse esperar que "a calma" prevaleça, apelando para que "o Estado de direito seja mantido e respeitado".

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, também apelou ao respeito dos resultados.

Samoa tornou-se independente da Nova Zelândia em 1962.

O Partido de Proteção dos Direitos Humanos (HRPP, na sigla em inglês) está no poder desde 1982, exceto por um breve período em 1986-87.