As vidas que a morte levou

Em pouco mais de um mês desapareceram do nosso convívio três pessoas que, não sendo daquelas que merecem condecorações públicas ou nomes de rua, deixaram, contudo, entre nós, quer no exercício das suas funções político-partidárias ou das suas vidas privadas, todo um carinho, um espalhar de sentimentos nobres, no campo da amizade, do respeito pelos outros e do sentido de colaboração que nos merece realçar.

A primeira pessoa a nos deixar (prematuramente) foi uma mulher.

Pertencia a um dos partidos regionais e dentro dele e para ele deu tudo o que um partido poderá desejar ou exigir de uma militante ativa.

Braço direito do seu presidente, colaboradora indispensável de toda uma direção, “mãe” da juventude do partido, “DANY” (nome, pelo qual, era carinhosamente conhecida e chamada) era (foi) uma peça indispensável no andamento do partido.

O apreço, a confiança, o respeito e a esperança que o partido – nessa altura - ganhara entre o eleitorado madeirense, culminados com a eleição de 9 (nove) deputados, não se pode dizer que fora obra exclusiva desta militante, mas deveu-se muito à sua enorme colaboração.

Por motivos pessoais deixou o partido, provocando um vazio difícil de preencher.

Ao abandonar este mundo, atrás de si ficou uma onda de tristeza, de amargura e de inconformismo, no coração dos seus mais íntimos familiares e amigos do dia-a-dia.

- Pouco tempo depois, o mesmo partido via desaparecer outro militante da velha-guarda.

Homem dedicado à vida partidária, sentia o pulsar do seu partido como poucos, exteriorizando a sua alegria nos momentos bons e vivendo e sofrendo nas horas menos boas.

Quem não conhecia o “Paulinhos” da Calheta?

Muito beneficiou o partido - em termos eleitorais – naquele acolhedor Concelho, graças à ação, ao trabalho profícuo, responsável, levado a cabo por uma pessoa íntegra, de uma educação, simpatia e trato admiráveis.

A sua casa era um espaço aberto não só para os convívios familiares e de amigos, mas também para tratar assuntos que ao seu partido dizia respeito. E, neste caso, fazia-o, muitas vezes, em prejuízo da sua vida privada e familiar.

Partiu “Paulinhos” e se no seio da sua família e dos seus amigos deixou feridas difíceis de sarar, ao partido, provavelmente, abriu uma lacuna não muito fácil de preencher.

-Neste espaço particularmente sensível não quero igualmente deixar de mencionar a perda de um grande e profundo amigo.

Reis ou Pinto, nomes, pelos quais era conhecido, não lhe sendo reconhecida qualquer ligação partidária, se bem que, obviamente, pudesse ter a sua escolha, não se coibia de, por exemplo, no seu amado NATAL, para além dos familiares receber os seus amigos ou até amigos dos seus amigos em sua casa, sem olhar a “cores” partidárias.

E neste particular recordamos a “festa” que lhe era feita dias após o seu aniversário (Dia de Reis) onde mais de duas e até três dezenas de amigos, munidos dos vários instrumentos musicais atravessavam os seus engalanados jardins até a sua “churrascaria – caseira” onde a noite era abrilhantada com as músicas e cantares dos “REIS” e do” Santo Amaro.”

Não foi, porém, - do que a nós diz respeito – um amigo só do Natal e outras festas, mas de momentos difíceis como os vividos na guerra do Ultramar.

Foi, digamos, um “mártir-sorridente” porque sofreu várias enfermidades ao longo da sua vida, mas sempre que recuperava, lá estava ele sorrindo, viajando, confraternizando, cuidando com esmero da sua casa e da sua família.

Ao abruptamente abandonar o palco da vida, deixou profundas e dificilmente saráveis feridas no seio familiar e dos seus amigos, sobretudo os mais chegados.

- À “Dany”, ao “Paulinhos “ e ao Pinto ou Reis, que Deus os conduza no Caminho da Luz e lhes dê a PAZ, a HARMONIA e o DESCANSO (ETERNO) que, tal como qualquer um dos viventes, nem sempre encontraram ou tiveram neste mundo.

Juvenal Pereira