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Reino Unido vacina cidadãos com 45 a 50 anos mas avisa que perigo continua

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O Reino Unido começou hoje a vacinação contra a covid-19 de todas as pessoas com mais de 45 anos, mas o primeiro-ministro avisou que o número de mortes e hospitalizações vai aumentar com a saída do confinamento.

A administração de vacinas aos cidadãos com mais de 45 anos é possível porque o Reino Unido conseguiu, nos primeiros dias deste mês, atingir a meta de dar pelo menos uma dose a todos os que têm mais de 50 anos.

O objetivo foi conseguido alguns dias antes do prazo que tinha sido determinado (15 de abril), tendo o Governo assegurado que todos os grupos prioritários -- pessoas com mais de 50 anos, profissionais de saúde e pessoas com problemas médicos graves - receberam a oferta de uma vacina e cerca de 95% foram vacinadas.

Segundo os dados oficiais, mais de 32 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 60% dos adultos do país receberam a primeira dose de vacina e quase 15% dos adultos receberam as duas doses.

O cumprimento desta meta permitiu dar hoje início à segunda fase da campanha de vacinação, alargando o universo de pessoas que podem começar a ser vacinadas àqueles que têm idades entre os 45 e os 49 anos.

Uma medida que o primeiro-ministro, Boris Johnson, considerou "uma boa notícia", ao mesmo tempo que avisava para o aumento "inevitável das hospitalizações e mortes" à medida que o país vai saíndo do confinamento.

Na segunda-feira, as lojas de bens não essenciais, os cabeleireiros, os ginásios e as esplanadas reabriram em Inglaterra, depois de três meses de confinamento nacional.

No mesmo dia, as pessoas aglomeraram-se em zonas como o bairro de vida noturna Soho, em Londres, onde foram colocadas mesas em ruas estreitas onde o trânsito foi fechado.

Políticos e cientistas estão a tentar moderar a euforia geral provocada pelo regresso de algumas liberdades, avisando que o vírus ainda representa uma grande ameaça.

Foi o que aconteceu em dois bairros do sul de Londres, Wandsworth e Lambeth, onde residem 650.000 pessoas, que registam um surto da estirpe do coronavírus detetado inicialmente na África do Sul.

As autoridades locais pediram a todos os residentes maiores de 11 anos para fazerem um teste PCR depois de confirmarem 44 casos positivos desta variante.

A realização do teste foi recomendada não só a quem mora na região, mas também a quem "trabalha ou viaja" ali, quer apresente ou não sintomas da doença, confirmou o município de Wandsworth em comunicado.

Os moradores dos bairros afetados devem solicitar um teste PCR "o mais rapidamente possível", aconselhou o presidente do município de Londres, Sadiq Khan, numa mensagem divulgada no Twitter.

Também o diretor de Saúde Pública de Wandsworth, Shannon Katiyo, garantiu que "é fundamental" localizar os assintomáticos para identificar todos os casos e impedir a propagação desta variante do coronavírus.

"O programa de vacinação ajudou [a controlar os surtos], mas a maior parte do trabalho de redução da doença foi feito pelo confinamento", referiu hoje Boris Johnson.

"Por isso, à medida que vamos 'desconfinando', será inevitável vermos mais infeções. Infelizmente, veremos mais hospitalizações e mortes", acrscentou.

O Reino Unido teve o surto de coronavírus mais mortal da Europa, com mais de 127.000 mortes confirmadas.

Uma combinação de vacinação rápida e de confinamento diminuiu drasticamente a taxa de infeção e mortalidade, mas as autoridades ainda estão preocupadas.

O diretor das entidades do serviço público de saúde, a NHS Providers, Chris Hopson admitiu hoje que há "boas razões para ser cauteloso" relativamente à evolução da pandemia no país.

O ritmo da campanha de vacinação do Reino Unido diminuiu nas últimas semanas, com o número de primeiras doses a cair drasticamente, já que a campanha se passou a concentrar na administração de segundas doses.

O Governo britânico pretende administrar pelo menos uma dose de vacina anti-covid-19 a todos os maiores de 18 anos até 31 de julho.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.947.319 mortos no mundo, resultantes de mais de 136,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.