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Guterres pede imposto sobre milionários que lucraram durante pandemia

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Reuters

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou hoje a que os milionários que lucraram durante a pandemia de covid-19 sejam taxados pelos Governos, para financiar medidas de redução das desigualdades.

"As mais recentes informações indicam que houve um aumento de 5 biliões de dólares na fortuna dos mais ricos do mundo no ano passado", disse Guterres, discursando na abertura de um fórum sobre financiamento do desenvolvimento.

Dada a crise económica e social criada pela pandemia, adiantou Guterres, os governos deveriam "considerar um imposto de solidariedade ou sobre a riqueza, para aqueles que lucraram durante a pandemia, para reduzir as desigualdades extremas".

As declarações de Guterres vão ao encontro do afirmado na semana passada pela secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, que apelou a um acordo global sobre uma taxa mínima de imposto para as empresas, independentemente do país em que estão sediadas, para financiar os Estados.

"Estamos a trabalhar com os países do G20 para chegar a acordo sobre uma taxa mínima de imposto sobre as empresas", disse Yellen.

O objetivo, disse Yellen, é "parar a fundo esta corrida" por parte dos países que oferecem taxas de impostos cada vez mais baixas para atrair negócios para as suas jurisdições e assegurar um ambiente competitivo.

O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, disse que a Alemanha considera a proposta americana de uma taxa mínima de imposto para as empresas como um "grande passo em frente", prevendo ser possível um acordo "este ano".

Hoje, o secretário geral da ONU sublinhou ainda a importância de medidas para responder às crises da dívida, oferecendo aos países mais necessitados moratórias, alívio ou liquidez, e saudou o apoio do G20 para prorrogar até final deste ano a moratória sobre o pagamento da dívida dos países mais pobres do mundo, apelando a uma extensão por mais um ano, até 2022.

Além disso, pediu novamente que tais medidas sejam estendidas aos países de rendimento médio, algo em que as Nações Unidas vêm insistindo.

"Ainda em 2019, antes da pandemia, 25 países gastavam mais com o pagamento de dívidas do que com educação, saúde e proteção social juntas", frisou Guterres.

Segundo o secretário-geral da ONU, atualmente há muitos governos que se deparam com a "decisão impossível" de cumprir esses compromissos ou salvar vidas de vítimas da pandemia. 

Guterres também aproveitou para pedir novamente maior solidariedade na vacinação contra o covid-19 e denunciar as falhas de coordenação a nível global.

"Apenas dez países no mundo respondem por cerca de 75 por cento das vacinações globais. Muitos países ainda não começaram a vacinar os seus profissionais de saúde e os cidadãos mais vulneráveis", disse Guterres.

Enquanto o vírus circular pelo mundo, ele será uma ameaça para todos os países, adiantou.