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Razões para uma reflexão: o auto-feedback do Diretor Nacional da PSP

Entramos na Semana Santa ou, como já foi usual dizer, na Semana Maior. A Páscoa, que será comemorada neste domingo, 4 de abril, é a data mais expressiva do cristianismo.

Todavia, em 2021, por conta da pandemia do coronavírus, as comemorações deverão ser adaptadas para contribuir com o cumprimento da quarentena e ajudar na redução da transmissão da covid-19. Por tal, a data é uma oportunidade de celebração virtual priorizada pela reflexão.

Pensando nisto, este momento, portanto, serve para eu lembrar e refletir, sobre o questionário elaborado pela Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública (DN/PSP), usando a plataforma digital, para avaliar o exercício do comando e liderança do Sr. Diretor Nacional (DN), dirigido aos profissionais, independentemente das categorias hierárquicas e funções policiais.

Acontece que não há ainda muito tempo, fomos confrontados nos órgãos de comunicação social, com a notícia de que este questionário havia criado muitas incertezas no seio policial. Logo se levantou uma polémica enorme acerca disso que levou a muitas interrogações. O que ninguém explicou foi a razão ou razões que estavam por detrás deste pedido de auscultação dirigido aos profissionais.

Isto não é a parte mais interessante da notícia. O que interessava noticiar, nunca foi dito. Há coisas que não se dizem porque ou não interessa ou não chama audiência. O que interessa não é se o cão mordeu o dono, mas se o dono mordeu o canídeo.

Seja como for, no meu ponto de vista o mais interessante neste questionário é o seguinte. É a frontalidade, a humildade e a coragem por parte do diretor nacional em querer de forma voluntária, subjugar-se a uma aprovação num universo de mais de vinte mil (20.000) profissionais, sobre o seu desempenho, à sua competência e principalmente à sua liderança, que é fundamental para qualquer líder que esteja a frente de uma instituição, como é o caso da mais importante força de segurança em Portugal, a PSP.

E aqui, podem dizer o que quiserem sobre este assunto, mas a mais básica, primária e pura das verdades, é perguntar qual é o líder que nunca teve medo da avaliação de liderança, atire a primeira pedra! Um, que em muitos casos este tema é ignorado pelos líderes. Outro, que permite fazer um autofeedback realmente efetivo, uma poderosa ferramenta de autoconhecimento, dando a conhecer lacunas, deficiências e gap´s.

Desde logo, não interessa aqui entrar em questões de liderança. Por outro lado, pasmem-se as nossas almas, mas, que eu tenha conhecimento nunca um diretor da PSP ou um líder de uma força de segurança no nosso país, tenha feito um questionário sobre o seu próprio exercício de comando e liderança.

E nisto, como é evidente, preenchi o referido questionário. Mas o que mais me tocou como profissional da PSP, foi perceber o esforço inabalável, do diretor nacional, em sujeitar-se a uma autoanálise e pedir para nós o avaliarmos nos seus pontos fortes e de melhoria da sua liderança, honrando-se a herança da nossa instituição, os valores e princípios, os seus referenciais deontológicos e éticos em 154 anos de história, com plena dedicação à segurança de Portugal e dos portugueses, que podem contar sempre com a sua Polícia.

Fugindo um pouco ao tema desta crónica, mas porque a atualidade e justiça assim o exigem, um agradecimento por parte da ASPP ao Agente Principal João Ramos, que por valentia e bravura nos seus tempos de lazer salvou duas vidas humanas no mar junto à costa da Ponta de Sol, engrandecendo a instituição que ele orgulhosamente pertence.

De facto, num tempo em que a reflexão e a solidariedade nos devem iluminar, faz todo o sentido salientar: a atitude humilde e de respeito por parte do diretor nacional em telefonar ao agente Ramos a agradecer em nome de todos os profissionais da Polícia, o seu altruísmo, constituindo um precioso capital de confiança e de prestígio para a nossa instituição policial.