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Biden vai acompanhar julgamento "com atenção"

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O Presidente dos EUA, Joe Biden, acompanhará "com atenção" o julgamento do assassínio do afro-americano George Floyd, anunciou hoje a Casa Branca.

"O Presidente acompanhará as sessões com atenção, assim como todos os americanos", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, que destacou que, para Biden, o combate às "injustiças raciais" é uma prioridade.

"Na altura da morte de George Floyd, ele mencionou que este foi um caso que realmente abriu uma ferida na população americana", disse Psaki, para justificar o interesse que o Presidente dará ao veredito do julgamento, que é esperado para o final de abril.

O julgamento do polícia acusado de assassinar George Floyd começou hoje, debaixo de enorme atenção política, pública e mediática, depois de a morte do afro-americano ter suscitado uma onda de revolta contra o racismo e a violência policial.

George Floyd foi assassinado sob escolta policial, em maio de 2020, quando o polícia Derek Chauvin o asfixiou com o joelho, durante cerca de nove minutos, num episódio que foi captado pela câmara de um transeunte, tendo-se tornado viral nas redes sociais e tendo-se espalhado por meios de comunicação social de todo o mundo.

O caso suscitou manifestações violentas em várias cidades norte-americanas, muitas delas organizadas pelo movimento "Black Lives Mater" e obrigaram à convocação da Guarda Nacional para assegurar a ordem em alguns dos estados mais afetados, particularmente no Minnesota, onde Floyd foi assassinado.

No julgamento que hoje começou e que Joe Biden acompanhará "com atenção", Derek Chauvin, de 45 anos, incluindo 19 ao serviço da polícia de Minneapolis, no norte dos Estados Unidos, é acusado de homicídio e homicídio agravado.

O julgamento ocorre sem audiência, devido à pandemia de covid-19, mas as sessões serão transmitidas ao vivo e é esperado que sejam seguidas através da televisão por muitos milhares de norte-americanos.

Em Minneapolis, as sessões decorrem sob forte dispositivo de segurança, e as autoridades apelaram a que todas as manifestações programadas para o decorrer do julgamento -- que deverá demorar três a quatro semanas - sejam pacíficas e calmas.

Os advogados da entidade equivalente ao Ministério Público tentarão mostrar que Derek Chauvin, que comparece em liberdade, mostrou desprezo pela vida de George Floyd, mantendo a pressão mesmo depois de o homem, algemado, ter dito 20 vezes que não conseguia respirar, ter desmaiado e até ter deixado de respirar.

O procurador disse mesmo que Chauvin "traiu" o seu juramento profissional de polícia e recorreu ao "uso excessivo e irracional de força" na detenção do afro-americano.

Eric Nelson, o advogado de Derek Chauvin, que se declara inocente, irá garantir que o polícia se limitou a seguir procedimentos autorizados para controlar um suspeito indisciplinado e que não é responsável pela morte de George Floyd.

Floyd, que sofria de problemas de saúde, terá, segundo Nelson, sucumbido a uma 'overdose' de fentanil, um poderoso opiáceo cujos vestígios foram encontrados na autópsia.

No início do julgamento, vários familiares de George Floyd ajoelharam-se durante 8 minutos e 46 segundos -- o tempo em que o polícia manteve o joelho no seu pescoço - para prestar homenagem ao afro-americano.

Os outros três polícias envolvidos no caso - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao -- só serão julgados por "cumplicidade no homicídio" em agosto, também devido à covid-19.