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FP

E agora pergunto: quantos “prémios” foram atribuídos aos que permaneceram cumpridores?

Hoje apeteceu-me criar um acrónimo. Não se trata da fazenda pública, nem forças populares. Nem se trata de todos os filhos...

Desde sempre que a parábola do filho pródigo me incomodou. Não encaixou nos parâmetros e valores que me foram transmitidos pela família, pela escola, enfim, pela vida. Compreendo perfeitamente a mensagem do perdão, da misericórdia, da aceitação, da reintegração, etc. Sobretudo, vindo dum homem, como foi Jesus Cristo, que teve um discurso fracturante para a época. Ao princípio de “olho por olho, dente por dente”, ele contrapôs “se te baterem numa face, oferece a outra”. Trocou as voltas e quis substituir o ódio pelo amor. No entanto, tenho de frisar que sou leigo nesta e em tantas outras matérias.

O que me incomoda nesta parábola é o facto de ter havido um filho que exigiu do pai a sua quota parte da herança, abandonou a família e substituiu-a por “amigos” que, num ápice, o ajudaram a desbaratar o património que não lhe custou a ganhar. E, segundo consta, foi rápido!

Na miséria, esfomeado e esquelético, lá voltou a casa do pai que o recebeu de braços abertos, mandou matar “o bezerro cevado”, arranjar-lhe as “melhores roupas”, pôr-lhe “um anel e sandálias” e fazer uma grandiosa festa.

O filho que sempre ficou ao lado do pai, que respeitou a família, que partilhou as dificuldades e os momentos alegres e os mais difíceis e que ajudou a construir o património familiar, questionou: “E eu?”. “Tu sempre estiveste comigo” – respondeu o pai.

Dêem as voltas que derem, para mim, é uma iniquidade!

Não sei até que ponto (mais uma matéria em que sou muito leigo), é que a cultura portuguesa se mantém influenciada por estes valores judaico-cristãos. Mas estou convencido que está muito. Isto é: o Estado tem, muitas vezes, um olhar de misericórdia, tolerância e perdão para com os incumpridores e de exigência intolerante para com os cumpridores.

De facto, lá de tempos a tempos, há um perdão fiscal, contributivo, etc. Trata-se da chamada dos FP ao redil, com o perdão das coimas, juros, custas. E até de redução dos impostos, taxas e contribuições. É inconstitucional perdoar impostos! Mas é misericordioso perdoar as penas.

E agora pergunto: quantos “prémios” foram atribuídos aos que permaneceram cumpridores? Os tais que, tiveram de tirar da boca, para dar ao eterno faminto Estado? Nunca, nem um “rebuçado”!

Para os FP houve arraiais! Quantos FP trabalham “por fora”, andam a ser subsidiados e têm o seu património em nome de familiares para poderem comer à mesa dos orçamentos públicos? Orçamentos públicos que todos sustentamos!

Serei eu um FP (leia-se: filho pateta)? Ou será isto um FP (leia-se: forrobodó à portuguesa)! Ou será que o Estado é o maior dos FP (leia-se: filho pródigo)?