Saúde, 5178 - Turismo, 4111

Para memória, estes são os números dos valores globais de casos Covid na Madeira, referentes à data de 31 de janeiro, notificados respetivamente pela Direção Regional de Saúde (DRS) e pela Direção Geral de Saúde (DGS), atingindo uma diferença recorde de menos 1067 casos. Desde já, diga-se que a DGS apenas transmite os dados da Região que são registados pelas entidades regionais no SINAVE (o sistema informático oficial de notificação a nível nacional e internacional).

Se agora para o Secretário da Saúde “os números da DGS são prejudiciais para o sector do turismo”, então, a 31 jan, pelo contrário, a discrepância de menos 1067 casos, ou 20,6%, entre a DGS/SINAVE e a DRS, eram bem mais favoráveis para o turismo da Região.

Essa diferença ainda é mais relevante se considerarmos que foi iniciada só a partir dos finais de dezembro. Assim, nas 3 semanas entre 23 dez e 12 jan, a Saúde da Região notificou 1572 novos casos contra apenas 924 do SINAVE, ou seja, menos 648 casos, ou 41,2%, quase separando um risco muito elevado de um risco moderado.

Também a dimensão desta discrepância fica patente se considerarmos que os 4111 casos totais do SINAVE em 31 jan já tinham sido ultrapassados 9 dias antes pela DRS com 4185.

Esta sonegação ao SINAVE de casos já notificados na Região mais de uma semana antes só pode dever-se a quem tinha o dever e autorização para os registar.

A jornalistas, políticos e ate à Justiça compete apurar os porquês desta ocultação para debaixo do tapete.

Pura coincidência, nos inícios de janeiro a Madeira ganhou a inclusão na lista da “European Safest Destinations 2021”.

Note-se que diferenças entre os reportes regionais e nacionais são normais num acerto de 1 ou 2 dias. Nos Açores não passaram dos 100 casos.

Mas, perante o volume de 1000 casos debaixo do tapete e porque cada caso é uma pessoa e não se pode apagar, então, desde fevereiro, progressivamente, os atrasados começaram a entrar no SINAVE com a DGS a reportar muitos mais casos do que a DRS. Foi tal a discrepância que, a 6 mar, com Portugal a chegar aos 1007 novos casos dos quais 288 ou 29% eram da Madeira, o Relatório da DGS fez nota de que na “Madeira, 81% dos casos [era] (…) superior a 48 horas, decorrente (…) de um laboratório na região e (…) em processo de regularização”. Será superior a 48 horas ou superior a várias semanas?

E se, no fim de janeiro, para o Dr. Pedro Ramos os números da DGS não geravam “desinformação”, antes orgulho, agora aproveita-se para fazer aquilo em que somos exímios que é dizer mal do retângulo.

Por coincidência, agora o turismo na Europa está em confinamento.

Óscar Teixeira