Madeira

Trabalho mais valorizado do que subsídios

Teatro Bolo do Caco vai usar apoio da Câmara do Funchal para formação e material

Xavier Miguel, ao centro, num dos projectos de rua.
Xavier Miguel, ao centro, num dos projectos de rua., Foto DR

“O melhor apoio enquanto associação e artista é ter as pessoas a darem-nos trabalho”, esclareceu Xavier Miguel, director e fundador do Teatro Bolo do Caco, uma das entidades contempladas nos 300 mil euros de Apoios Financeiros ao Associativismo e a Actividades de Interesse Municipal que hoje vão a deliberação na Câmara Municipal do Funchal. “Queremos mesmo é trabalhar”, desabafou.

O ano de pandemia foi complicado para este projecto, com o trabalho a faltar. Valeu-lhe a linha de apoio extraordinário proporcionado pelo Governo Regional para minimizar o impacto da pandemia e a decisão da Câmara do Funchal. “Durante o ano passado praticamente não tivemos contactos no sentido de trabalhar, o nosso único cliente foi a Câmara do Funchal, que não cancelou, adiou, e começou a investir na parte multimédia, nomeadamente no projecto das radionovelas”.

Entretanto Governo lançou uma segunda linha de apoios para o sector das artes para combater os efeitos da pandemia, mas o Bolo do Caco não se qualificou, pois não conseguiu provar que perdeu espectáculos, nessa altura já não os havia para perder, contou. E também não chegou a tempo de concorrer aos apoios financeiros da Direcção Regional da Cultura para este ano. O grupo tinha concorrido em 2019, não foi contemplado. Quando explicaram a Xavier Miguel o porquê e percebeu que tinha de restruturar o projecto, já não teve tempo de o fazer até Novembro passado, pelo que este ano não vai contar com esse subsídio. Aliado ao cenário de pandemia, 2021 apresenta-se como um novo desafio. “Deixa-nos um bocadinho tristes, mas vamos continuar a tentar”.

Os 2.500 euros que serão atribuídos este ano pela Câmara do Funchal será o primeiro e provavelmente o único apoio financeiro que o grupo vai receber. Permitirá investir em formação e material para juntar ao seu portfólio de teatro de rua espectáculos de teatro de máscara.

“A Câmara tem-nos apoiado da melhor maneira, que é contratando o nosso trabalho e lançando desafios”, disse Xavier Miguel, revelando que pediu o apoio precisamente para implementar novos projectos. O objectivo é investir na formação ao nível da representação e de construção de máscaras para este novo teatro em particular.

Este crescimento seria impossível sem este subsídio, assume o fundador do Bolo do Caco, que tem este desejo há vários anos. “Há projectos que nós não conseguimos vender sem que haja um investimento inicial que nos permita fazer essa criação. É um trabalho que leva algum tempo e investimento a ser criado, então para ser apresentado”. Além disso, a componente formativa é essencial também para que o trabalho seja cada vez melhor, acredita o actor.

O Teatro Bolo do Caco nasceu informalmente em 2011 como grupo, como associação em 2017. Tem duas pessoas que vivem exclusivamente da actividade e outras duas que apesar de trabalharem com outros grupos, dependem apenas do palco para sobreviver.