Crónicas

Caminho dos Pretos e Rua das Pretas

Há registos que são ignóbeis, ofensivos e puramente racistas

Somos racistas ? Será que, na nossa paz de sossego, seguimos instintos racistas que não nos inquietam ? Para nós negro é negro ou negro é igual a branco ?

Tenho a certeza que para todos nós, como indivíduos e no colectivo, não temos essa dúvida, muito menos esse defeito, na nossa consciência. A nossa maneira de ser nunca nos levou aos extremos da intolerância. Andámos por todo o mundo sem abrir mão dos nossos principais valores civilizacionais. Aceitámos sempre as diferentes realidades e opções que se colocam a cada indivíduo desde o nascimento.

Convivi no correr da minha vida com gente de diferente raça, orientação sexual e religião. Em especial, no colégio que frequentei no Reino Unido, convivíamos europeus, centro e sul americanos, africanos e asiáticos. Coincidia com o campeonato do mundo de futebol, o primeiro que vi na televisão, e essa disputa foi sempre a única razão de divergência e intolerância. Nunca, mas mesmo nunca, foi registado o mínimo incidente reprovável por força desse “ser” diferente.

Sinceramente nunca me ocorreu que pudesse ser de outro modo. Tínhamos todos entre os dezasseis e os vinte anos. Fiquei “educado”.

O primeiro ponto é um dever de respeitar a História, que não construímos nem por ela somos responsáveis. Vista à luz dos nossos dias tem muito de errado. Nem sabemos se está contada direito. Como terá erro muito do que agora fazemos e aceitamos, quando reavaliado daqui por uns anos. É ver o percurso da Igreja, com os seus altos e baixos, ainda hoje longe da perfeição.

As leis mudam e com isso muito do que era certo passou a ser condenável.

O que hoje fazemos de errado não pode ser tolerado ou aceite e tem de ser punido na proporcionalidade da sua gravidade. Agora, querer ser hoje justiceiro do que foi aceite séculos atrás não parece certo e já prescreveu. Fazer agora uma estátua de quem no seu tempo praticou actos que hoje seriam condenatórios não parece admissível. Agora devemos manter as homenagens que no passado foram feitas àqueles que no seu tempo tiveram o reconhecimento e aprovação geral.

A justiça é feita com as leis de cada tempo, não com retroatividade.

Mas há coisas erradas que para alguns estavam certas. E tinham a ver com valores absolutos da Humanidade. O racismo é dos mais dolorosos. Quanto sofrimento vivido ao longo da História da vida humana. Que ainda hoje não foi resolvido. Há bem pouco tempo a África do Sul tinha regime oficial de separação de raças. Há menos de cinquenta anos os Estados Unidos tinha distinta consideração por brancos e negros. Talvez o assassínio de Martin Luther King Jr. tenha sido ponto de viragem para o que ainda não terminou. Na Europa também não estamos isentos de contributo para essa tragédia, apesar do fervor religioso das nossas gentes. Uma falsa fé e piedade.

Os descobrimentos, talvez o único “feito à grande” dos portugueses, agora foi estupidamente ofendido por um deputado socialista favorito de António Costa. Os descobrimentos merecem elogio e o monumento em Lisboa está bem e honra as proezas que, alguns exageros à parte, foi de acordo com a lei e costumes da paz e da guerra.

Gosto muito de História, em geral e sobre nós madeirenses, e conheço várias estátuas e bustos no Funchal de madeirenses que se distinguiram nas grandes epopeias das descobertas e da evangelização por esse mundo fora. Já li o que há das suas biografias e aventuras, e tudo me leva a crer, que foram muito bem publicamente homenageados. Os seus nomes não só devem continuar publicitados como deve manter-se o respeito pela sua coragem e heroísmo.

Mas, ao contrário, há registos que são ignóbeis, ofensivos e puramente racistas que todos os dias com eles interagimos sem reagir, condenar e mudar. A maioria batizados pelo Estado colonizador. Quem tanto tinha em África, e fazia guerra para manter, era quem mais ofendia aqueles que pretendia subjugar.

Caminho dos Pretos e Rua das Pretas são topónimos inaceitáveis pelo que atinge e agride os negros, em particular os que trabalharam na Madeira. A sua raça “distinguiu-os” em, pelo menos, dois registos que se mantêm com descarada e complacente aceitação pública. Ainda ninguém apontou o dedo ou questionou tão aberrante toponímia. Ao que parece está tudo bem.

E não está.

A Rua das Pretas assim se chama pela “existência de diversas casas de famílias ricas que tinham ao seu serviço muitas empregadas negras”. Antes chegou a chamar-se Rua Dr. Câmara Pestana. Nem sei se teve deliberação municipal para esta alteração.

O Caminho dos Pretos é a versão moderna da anteriormente chamada Estrada dos Pretos, denominação explicada “por ter sido construída por mais de cem operários de raça negra”.

Justifica-se com a intervenção de negras e negros mas deram registo oficial como “pretas” e “pretos”.

Alguém civilizado, no seu juízo são, atribuiria estas denominações ?

São desajustadas, inaceitáveis e racistas. Se assim continuar é porque afinal não somos tão bons como nos vemos ao espelho e precisamos uma mente renovada, culta e ajustada aos tempos de hoje.

TAP

Tivemos o maior “azar” (?) possível: o futuro da TAP foi entregue a Pedro Nuno Santos, ministro dos transportes, esquerdista radical infiltrado no PS e que faz parte do equilíbrio político sustentado por António Costa para manter o suporte do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. É o ministro da esquerdalha. Prometeu uma administração tecnicamente especializada mas quer tudo negociado antes da sua entrada em serviço. Onde está a anunciada gestão de topo ? Se esses técnicos salvadores forem sérios já não aceitam o “job”. Mas, com o PS, tudo é possível pois pagam bem e deixam servir-se. O forrobodó do costume.

Tudo o que é decidido para a TAP tem de estar errado e baseado em tácticas que pretendem apenas preparar a candidatura de Pedro Nuno Soares à liderança do PS. Nenhum dos seus motivos e interesses políticos promove boa gestão, coerência de processos e inteligência. Pôr este ministro a negociar com sindicatos não é coisa boa para a economia da TAP. É a política no seu pior. Como é possível mais de uma dezena e meia de sindicatos na TAP fazerem acordo, só com o protesto de dois, quando anteriormente eram tão aguerridos e defensores dos seus direitos laborais e sociais ? Só muitas cedências do governo explicam essa acalmia política. Pedro Nuno Santos quer ser o líder de uma esquerda radical que envolve grande parte do partido socialista. Um verdadeiro chefe dos camaradas. Que melhor campo experimental do que a área dos transportes para preparar um exército político de rua ? Para se tornar popular como “salvador” de empregos e mordomias laborais. E ninguém impede esse percurso absolutamente perigoso para o futuro de Portugal.

Ou não será Pedro Nuno Santos o artífice do apoio do partido comunista ao governo ? E, pelos vistos, manda.

Para cúmulo, põe nas televisões um político do PSD, na qualidade de presidente não executivo, como tentativa de amordaçar as críticas do maior partido da oposição.

Os aviões, os comboios e os autocarros do ministério dos transportes são os “brinquedos” para um dos mais perigosos projectos políticos pessoais na actual agenda partidária. Para nós, madeirenses e portosantenses, infelizmente a TAP importa mais do que tudo. É um dos pilares fundamentais da nossa vida, principalmente agora que é maioritariamente do Estado. Mas temo que as nossas preocupações e anseios não sejam lembrados na hora de Pedro Nuno Santos decidir. A sua agenda política não passa pela Madeira.

Vacinação

O Reino Unido começa a justificar as vantagens do Brexit. Já vacinou 35% da população adulta, enquanto a burocrata Europa vai nos 3%.

A segunda vitória britânica será a agilidade do apoio financeiro à retoma económica quando comparada com a lentidão da “bazuca” europeia. Os britânicos vão saudar a sua desejada independência.

Golfe no Porto Santo

A ilha Dourada tem apenas uma pessoa infetada que acaba isolamento amanhã. Não se percebe porque os residentes LOCAIS, ao menos estes, não podem, entre outras actividades, jogar golfe. O equipamento e a bola é individual de cada jogador.

Afinal ser diferente e cumpridora nunca é uma vantagem para Porto Santo. Estranho os ginásios não serem um problema.