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Manifestações na Argélia para evocar aniversário de protestos anti-regime

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Vários milhares de manifestantes desfilaram hoje em Kherrata, leste da Argélia, local onde nasceu o movimento anti-regime Hirak, apesar das proibições, para assinalar o segundo aniversário da sublevação que levou à destituição do presidente Bouteflika.

Foi em Kherrata, 300 quilómetros a leste da capital, Argel, onde a 16 de fevereiro de 2019 se mobilizaram espontaneamente milhares de argelinos em oposição ao regime de 50 anos de Abdelaziz Bouteflika.

Uma semana depois, a 22 de fevereiro, a contestação tinha chegado a Argel estendendo-se depois ao resto do país, levando ao nascimento do movimento Hirak, que reclamava o desmantelamento do sistema em vigor desde a independência da Argélia, em 1962.

Empunhando bandeiras argelinas e berberes, os manifestantes gritavam slogans do Hirak: "Pela independência da Argélia", "[o Presidente] Tebboune chegou pela fraude, colocado pelos militares" ou "Generais para o lixo".

A manifestação retoma a atividade de rua do Hirak, suspensa há um ano devido à crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19, para exigir "um Estado civil", a "liberdade da justiça", a "liberdade de expressão e de imprensa" e a libertação dos presos por delito de opinião, segundo os cartazes afixados pela cidade, relatou a agência France-Presse (AFP).

Cerca de 70 pessoas estão atualmente na prisão por ligações ao Hirak ou por liberdades individuais, de acordo com o comité nacional de libertação dos detidos, uma associação de apoio ao movimento.

Algumas figuras da oposição participaram no desfile, entre as quais Karim Tabbou, porta-voz da União Democrática e Social (UDS); o ex-detido Mohcine Belabbas, presidente do Coletivo pela cultura e pela democracia (RCD); e Zoubida Assoul, advogada e presidente da União pela Mudança e pelo Progresso (UCP).

Desde a noite de segunda-feira, convergem para o local da manifestação militantes do Hirak vindos de várias localidades do país.

As manifestações políticas permanecem interditas na Argélia devido à pandemia e hoje poucos eram os manifestantes que usavam máscaras, adiantou a AFP.

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