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Mais de 270 milhões de pessoas vão precisar de ajuda humanitária em 2022

Foto EPA/Pawel Supernak
Foto EPA/Pawel Supernak

Cerca de 274 milhões de pessoas em todo o mundo vão precisar de ajuda ou proteção humanitária no próximo ano, o maior número de sempre, estimou o Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA).

A ajuda humanitária a 183 milhões de pessoas mais necessitadas no mundo custará 41 mil milhões de dólares (36,2 mil milhões de euros), sublinha ainda o OCHA, num relatório e plano de ação divulgado esta quinta-feira a partir de Genebra.

Segundo os cálculos do OCHA, o equivalente a uma em cada 29 pessoas no mundo vão precisar de ajuda de emergência ou proteção humanitária no próximo ano, o que representa um aumento alarmante.

Em conferência de imprensa, o subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, lamentou que os apelos humanitários raramente sejam financiados a 100%, pelo que 36,2 mil milhões de euros serão para dar resposta aos 183 milhões casos mais urgentes, em 63 países.

Os fundos serão dirigidos para assistência a 27 milhões de pessoas na República Democrática do Congo, 24,4 milhões de pessoas no Afeganistão, 25,9 milhões na Etiópia, 20,7 milhões no Iémen, 20,1 milhões na Síria e, entre outros grupos vulneráveis, a um milhão e meio de pessoas em Moçambique.

Este ano, o OCHA ajudou 107 milhões de pessoas, em projetos realizados com a ajuda de organizações não-governamentais, setor privado e governos.

Segundo Martin Griffiths, o número de pessoas necessitadas está a aumentar devido à pandemia de covid-19, desastres climáticos e guerras, que causaram o aumento da violência de género, falta de alimentos e fome prolongada a 45 milhões de pessoas.

Sem uma resposta global à pandemia de covid-19, acrescentou o também Coordenador da Ajuda de Emergência da Organização das Nações Unidas, todos os efeitos secundários vão perdurar e agravar as necessidades em todo o mundo, criando uma situação de insustentabilidade.

"Temos de prever que o aumento contínuo dos últimos dois anos vai persistir, 274 milhões de pessoas em necessidade, nunca foram tantas. Não é sustentável", avisou.

O responsável destacou que um aspeto importante no trabalho como Coordenador da Ajuda de Emergência é a "sinergia essencial que é necessária para parcerias, planeamento e implementação entre a comunidade humanitária e aqueles envolvidos na estabilização económica, desenvolvimento e redes de segurança social".

A ajuda humanitária é apenas "uma parte da solução" e faz a diferença em casos de vida ou morte, mas em todas as crises tem de haver solução política e investimentos na reconstrução, resiliência e desenvolvimento da sociedade, sublinhou ainda Martin Griffiths.