Madeira

Hoje assinala-se o Dia do Cuidador Informal

Foto Shutterstock
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Hoje assinala-se o Dia do Cuidador Informal a nível Nacional, com várias iniciativas, um pouco por todo o país.

A nível Nacional realiza-se o 3.º Encontro Nacional de Cuidadores Informais, em Évora, organizado pela Associação Nacional de Cuidadores Informais.

Na Região Autónoma da Madeira, também se pretende assinalar esta efeméride com algumas iniciativas, nomeadamente uma webinar organizada pela academia de formação da ACAPORAMA, uma ação de sensibilização organizada pela Câmara Municipal de Machico, assinalar o tema no programa "Madeira Viva" e simbolicamente a Secretaria de Inclusão através do ISSM irá assinalar este dia com referência aos Cuidadores informais já reconhecidos na RAM.

Com o processo de envelhecimento da população, que vem se acentuando consideravelmente (causando enormes impactos nas famílias), e com uma grande fasquia desta população apresentando algum grau de incapacidade com inúmeras pessoas com doença crônica e incapacitante, que as tornam dependentes, aumenta também a preocupação sobre o Cuidador Informal que, na maioria das vezes, não se encontra preparado para exercer essa atividade. 

O Cuidador Informal está exposto a uma enorme sobrecarga física, emocional e socio-económica, e é fundamental a capacitação adequada para que ele se torne mais seguro e preparado para assumir as responsabilidades no cuidado da pessoa dependente. 

Assim, considera-se importante discutir o papel do Cuidador Informal no cuidado da pessoa dependente; compreender o papel desse cuidador, como sujeito ativo do processo de cuidar; e avaliar as ações e propostas direcionadas para esse cuidador. 

A definição de CI, deve ser ampla e inclusiva, para possibilitar e desenvolver categorias abrangentes e consistentes no quadro de políticas públicas. Assim sendo, centramos a definição de CI na necessidade de prestação de cuidados a uma pessoa portadora de deficiência, ou com doença crónica e que necessite de cuidados permanentes. 

Destaca-se a relevância desse tema, porque ainda não existem políticas direcionadas para o cuidado à população com dependência funcional e não sendo ainda a maioria dos CI reconhecidos no seu papel, pelo que muito ainda há por fazer. 

Cuidar de um familiar ou de alguém dependente pode ser algo profundamente desgastante que poderá levar a vivenciar momentos de angústia e de preocupação sem que estes tenham possibilidade de ter momentos de descontração e bem-estar.

Nesse sentido e com vista a realizar esclarecimentos e desenvolvimentos sobre o processo de reconhecimento do cuidador informal, bem como, sensibilizar para a importância da defesa dos direitos e regulamentação do ECI (Estatuto do Cuidador Informal),  devem ser promovidas acções,  com o objetivo de informar a população acerca do ECI e sua regulamentação .

Estas iniciativas vão criar momentos de reflexão sobre o ECI da RAM, sua regulamentação e operacionalização, procurando apontar caminhos para o presente e futuro desta área.

Sabendo que Cuidar de alguém dependente (muitas vezes familiar), pode ser profundamente exaustivo e a tendência é para que os momentos de angústia e de preocupação se sobreponham aos momentos de descontração e bem-estar, deverão capacitar e esclarecer a população sobre os desenvolvimentos do processo de reconhecimento do cuidador informal e seu Estatuto, abordando temas como a importância do autocuidado, bem-estar físico, emocional e psicológico.

O PAPEL DO CUIDADOR INFORMAL  

Tendo estado na linha da frente na luta sobre o Estatuto de Cuidador Informal, sobretudo nesta época de mudança, é fundamental, continuarmos a exigir o reconhecimento dos Cuidadores Informais, com todos os seus direitos.  

Foi uma árdua caminhada para os CI e para quem os acompanhou lado a lado, com muito trabalho técnico e disponibilidade física, à conta de muitas horas de estudo, reuniões, viagens, audiências, manifestações, concentrações, etc. Durante este processo, muitas famílias viram-se privadas dos seus familiares e dos cuidados de quem habitualmente deles dependem, tudo em prol desta causa, exigindo (ainda mais) sacrifícios aos que já desempenham, há largos anos, o papel de cuidadores. 

Doravante, é preciso dar continuidade aos objetivos pelos na defesa dos interesses dos cuidadores informais. Nesse sentido, permitirá, a definição e aplicação de políticas públicas (ex: o Estatuto do Cuidador Informal), com vista ao diálogo e colaboração, almejando uma sociedade mais justa e solidária. É, assim, importante dar continuidade à defesa e exaltação do cuidar, de forma HUMANISTA, ÉTICA e APARTIDÁRIA, unificando todos os cuidadores! 

Considerando o quadro de pandemia que se vive, da fragilidade do sistema de proteção social e as dificuldades de emprego, o “cuidar de alguém” tem sido visto como uma sobrecarga para as famílias. 

Muitas destas pessoas dependentes não podem estar institucionalizadas e na maioria dos casos, a falta de recursos financeiros que permitam a contratação de cuidadores especializados no domicílio, faz com que esses cuidados sejam realizados por um membro da família, vizinho ou amigo. Sendo que aqui assumem o papel de Cuidadores Informais, sendo que o cuidado prestado envolve ações de promoção de saúde, prevenção e tratamento de doenças, incluindo reabilitação. 

O perfil do cuidador constitui-se em uma rede autónoma e geralmente desintegrada dos serviços de saúde, carente de orientações e apoio dos profissionais de saúde. Apesar da legislação em vigor, continua a ser necessário medidas de apoio ao Cuidador Informal, para que veja esse papel reconhecido e com benefícios para quem cuida e quem é cuidado. 

Os cuidadores pela sua situação de isolamento vêem-se excluídos de uma plena participação social e muitos as vezes nem estão identificados enquanto cuidadores. 

Contudo, as desigualdades geográficas (em particular, nas zonas rurais, a falta de informação (muitos dos cuidadores não sabem da existência de oportunidades de treino), as questões organizacionais (relacionadas com dificuldades em se libertar de responsabilidades do cuidado ou outros compromissos), a falta de identificação enquanto cuidadores constituem-se como desafios que podem comprometer as oportunidades de treino e de aprendizagem. 

Assim entende-se que o papel de Cuidador Informal é a continuidade dos cuidados prestados e assume um papel fundamental no sistema de saúde Português.