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Financiamento multilateral apoia países em desenvolvimento na transição energética

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Foto climate investment funds

Os países em desenvolvimento "vão precisar de muito apoio" para fazer a transição do carvão para as energias renováveis, afirmou ontem a portuguesa Mafalda Duarte, presidente executiva do Climate Investment Funds, um dos maiores mecanismos de financiamento multilateral nesta área. 

O Climate Investment Funds (CIF) anunciou hoje em Glasgow, onde decorre a 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), uma parceria estratégica com a Powering Past Coal Alliance (PPCA), uma aliança de governos e organizações do setor privado, para acelerar o fim do carvão como fonte de energia na Índia, Indonésia, Filipinas e África do Sul. 

Apresentou também outro programa centrado na integração das energias renováveis nas redes elétricas na Ucrânia, Mali, Quénia, Ilhas Fiji, Colômbia, Indonésia, África do Sul, Índia, Turquia e Brasil.

No total, os dois programas vão ser capitalizados com 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros). 

Os anúncios coincidiram com o Dia da Energia na COP26, quando foi revelada a "Declaração Internacional da Transição do Carvão para Energia Limpa", subscrita por 47 países e 26 empresas que se comprometem a acelerar a transição para as energias renováveis e abandonar o uso de carvão. 

"Muitas destas declarações são declarações políticas, o que é importante, mas muitas não estão ainda baseadas no como é que nós vamos chegar lá. Os países em desenvolvimento vão precisar de apoio e nós vamos desempenhar um papel muito grande nesta questão da transição do carvão", afirmou Mafalda Duarte à agência Lusa. 

Por exemplo, para além dos ativos e da governação, o CIF tem como um dos pilares do programa de transição energética a questão social, financiando programas de desenvolvimento de competências, programas de proteção social e a diversificação da atividade económica nas regiões afetadas. 

"É necessário apoiar os países a acelerar essa transição e a apoiá-los com as questões sociais que estão envolvidas na produção de carvão", enfatizou à Lusa. 

Países em desenvolvimento também "definiram metas em termos de matrizes de energias renováveis, acrescentou Duarte, mas precisam de apoio técnico para o que isso implica", nomeadamente na modernização das redes elétricas.

Criado em 2008 e sediado nos Estados Unidos, o Climate Investment Funds é um dos maiores mecanismos de financiamento multilaterais, financiando projetos em países em desenvolvimento em áreas como energias renováveis, eficiência energética, agricultura, florestas ou gestão de águas.

Em 2017, investiu no primeiro projeto em grande escala de energia solar lançado em Moçambique.

A vantagem do CIF, vincou a presidente-executiva, é que o "capital pode correr risco, tem condições mais favoráveis do que as que os governos ou investidores privados conseguem nos mercados de capitais, e é a longo-prazo. Permite baixar os custos, o que é importante em países desenvolvidos". 

Graças ao financiamento adicional recebido durante a COP26, vai aumentar o capital sob gestão de 8.500 milhões de dólares (7.355 milhões de euros) para 11 mil milhões de dólares (9.520 milhões de euros).