Estórias do fundo da ribeira

Pois é, a fulana tinha de ter um tacho, mas não tinha formação para o tacho que lhe queriam dar, mas tinha de ser e não podia ser outro qualquer, tinha mesmo de ser aquele e, como o que tem de ser tem muita força, tinham de moldar o tacho de forma a não ser necessária qualquer formação para o ter.

Os anteriores donos do tacho até nem eram muito competentes, mas como eram devotos seguidores e amigos do chefe, tinham de ficar com qualquer coisa…

Supõe-se que nisto dos tachos a competência é o menos importante, importa saber cumprir ordens e orientações e parecer altivo nas fotografias.

Ora a solução foi partir o tacho em dois tachos mais pequenos, um maior e sem exigências de qualificação para a fulana e um mais pequeno, mas ainda assim relevante, para o menos competente fulano amigo do chefe e a adjunta desenxabida e roliça que dizem ficar bem na televisão.

Com o tacho da fulana, vieram muitos pequenos tachinhos para outros devotos seguidores, sim, que isto de coligações é muito bonito mas são muitas bocas para alimentar…

Nisto, surgiram imediatamente dois novos problemas: primeiro num galinheiro não podem estar dois galos a mandar; e segundo era necessário arranjar gabinetes para albergar toda essa gente, pois mais importante do que arranjar coisas para eles fazerem é arranjar um gabinete para cada um deles.

Então, a solução foi alugar um prédio a um amigo do chefe. Contudo o prédio era pequeno e não cabia toda a gente, o que não importou muito e fez-se assim mesmo. E lá foi o menos competente fulano amigo do chefe com alguns colaboradores para o novo prédio e o resto dos seus colaboradores ficaram para trás. Pressupõe-se que para desenvolver um trabalho medíocre não é necessária muita gente.

E pronto, parecia que tudo finalmente corria bem, a fulana e o batalhão de sectários no seu tacho para o qual não tinha formação, e o menos competente fulano amigo do chefe com o seu tacho, mais pequeno, mas ainda assim relevante.

Eis que, depois desta trapalhada toda para atribuir este tacho à fulana, quando finalmente o tacho era seu, deram-lhe outro tacho maior e a fulana foi embora.

Então terá tudo isto sido em vão? Claro que não, o tacho está lá e certamente irá ficar para ser atribuído a um qualquer devoto seguidor, supostamente ainda mais apetecível agora que não é necessária qualquer formação para o ter.

O. B.