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E que tal se parassem de desviar as atenções?

Até quando é que vamos ter de lidar com tanta mediocridade, evidente numa oposição traída pela sua própria contradição?

O arranque deste novo ano fica infelizmente marcado pelo agravamento substancial de uma pandemia que mudou as nossas vidas, pela lamentável falta de solidariedade do Governo da República e pelo esforço que a Madeira continua a fazer, sozinha, para encontrar o equilíbrio entre a defesa da saúde pública e a recuperação económica.

Fica marcado, também, pela expectável reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto Presidente da República e, a este propósito, pela também esperada demagogia habitual dos que transformaram os resultados deste ato eleitoral numa fantochada pública de bradar aos céus.

Será caso para perguntar até quando é que esta gente – os tais que fariam sempre melhor, mas que, afinal, não fazem nem contribuem para coisa nenhuma – irá continuar a desviar as atenções, socorrendo-se da demagogia política para abafar e esconder as suas próprias fragilidades?

É porque a teoria de repetir uma mentira várias vezes até ser verdade nem sempre resulta. Aliás, cansa. Sobretudo à luz dos dias difíceis que há muito enfrentamos, cansa e nada acrescenta.

Não foi o PSD/M que se colou a Marcelo Rebelo de Sousa. Foi o PS/M – em particular a ala de António Costa, a quem os ditos fielmente obedecem – que se colou ao candidato que é do PSD e que todos os Portugueses esperavam e sabiam vitorioso mais uma vez nestas Eleições. Nem tampouco será ao alimentar a novela do “Chega” que o PS/M conseguirá abafar o resultado altamente desastroso que a candidata Ana Gomes, essa sim socialista, teve na Região, neste ato eleitoral. Não, não é pelo desvio das atenções que se deve jogar, muito menos nesta fase tão complexa como aquela que atravessamos.

Não foi o PSD/M que se calou perante a grave e inaceitável falta de solidariedade do Governo da República – expressa, em particular, em 2020 e nas piores circunstâncias – novamente reiterada, neste início de ano, quando, mais uma vez e pese embora os apelos feitos, fechou os olhos às necessidades urgentes que a nossa população da Costa Norte enfrentou devido às intempéries de 25 de dezembro.

Não foi o PSD/M que caiu no ridículo e na mediocridade de se lembrar, apenas agora, que era preciso defender a Autonomia e reforçar os poderes Autonómicos desta Região – contra os Açores que foram sempre defensáveis enquanto o PS esteve no poder – apresentando medidas que há muito estão em marcha e a ser trabalhadas pela Assembleia Legislativa da Madeira, como é o caso da revisão da Lei das Finanças Regionais.

E também não fomos nós, PSD/M, que, na ânsia de retirar dividendos políticos, aproveitamos esta grave crise para lançar críticas destrutivas a um trabalho que tem sido exímio e exemplar, assumido a muito custo e sem qualquer ajuda, mais do que legítima, por parte de quem tinha a responsabilidade de olhar para a Madeira e o Porto Santo como partes integrantes do todo nacional. Acreditem que muito haveria a dizer quanto à gestão da pandemia por parte do Governo de António Costa, mas, por aqui me fico, mantendo aquilo que desde sempre assumi ao afirmar que a pandemia não é nem pode ser usada como arma de arremesso político.

É caso, reitero, para questionar até quando é que se vão continuar a desviar as atenções? Até quando é que vamos ter de lidar com tanta mediocridade, evidente numa oposição traída pela sua própria contradição, que prefere alimentar a critica e viver neste “faz de conta” do que cumprir, onde localmente é poder, com as suas obrigações mínimas e perante uma população que sofre, que perdeu rendimentos e que, mais do que nunca, precisa de respostas?

Onde é que está, se é que alguma vez existiu, o sentido de oportunidade e de verdade daqueles que, nos debates e onde democraticamente podem e devem apresentar as suas ideias, limitam-se a usar os mesmos chavões de sempre para, pasme-se, usarem, logo a seguir, o mediatismo sem confronto para transformar a política num circo ao qual ninguém já paga bilhete para entrar?

Será que é pedir muito que se olhe, em conjunto, para 2021 com a responsabilidade que os novos tempos e as difíceis circunstâncias exigem?

É porque, caso não saibam, 2021 será um ano extremamente exigente para todos. Um ano decisivo, também do ponto de vista político, que terá de ter, por base e como sempre, o bem comum e o interesse superior desta Região, que em momento algum pode sair defraudado.

Não é a desviar as atenções que chegamos lá nem é isso que os Madeirenses esperam de nós. Muito menos agora, quando temos pela frente o enorme – diria gigante – desafio de garantir a defesa da nossa saúde em equilíbrio com a recuperação social e económica e com o bem-estar e a qualidade de vida das nossas famílias e empresas.

Continuaremos a fazer o nosso caminho, sem desviar atenções, sem fugir ao essencial nem às nossas responsabilidades e sabendo construir e reconstruir, aos poucos, uma terra que merece mais do que politiquices de esquina, na base de um compromisso que diariamente reforçamos.

Pela Madeira e pelo futuro que somos.

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