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Primeiro piloto a quebrar a barreira do som morre aos 97 anos

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O general norte-americano Charles 'Chuck' Yeager, considerado um ás dos pilotos de caça da Segunda Grande Guerra e que, em 1947, foi o primeiro a quebrar a barreira do som, morreu, na segunda-feira, aos 97 anos.

O general norte-americano Charles "Chuck" Yeager, considerado um ás dos pilotos de caça da Segunda Grande Guerra e que, em 1947, foi o primeiro a quebrar a barreira do som, morreu, na segunda-feira, aos 97 anos.

A morte do piloto, ocorrida no estado norte-americano da Califórnia, foi anunciada pela mulher, Victoria Yeager, na sua conta pessoal da rede social Twitter.

"É com profunda tristeza que vos informo que o amor da minha vida, o general Chuck Yeager, morreu pouco depois das 21:00 locais (13:00, hora de Lisboa). Uma vida incrível, bem vivida, o maior piloto da América e um legado de força, aventura e patriotismo que serão lembrados para sempre", escreveu a mulher.

A morte de Yeager é "uma perda tremenda para a nação", considerou, por seu turno, o administrador da NASA Jim Bridenstine, em comunicado.

"O espírito pioneiro e inovador de Yeager fez com que a América avançasse no ramo da aviação e definiu os sonhos da nossa nação na era do jato e na era espacial. Yeager dizia `Não se concentrem nos riscos. Concentrem-se nos resultados. Nenhum risco é demasiado grande para impedir que se faça o que deve ser feito", lembrou Bridenstine.

"Numa era de heróis criados pelos ´media`, ele é o verdadeiro herói", considerou o historiador da Base da Força Aérea de Edwards, Jim Young, em agosto de 2006, na inauguração de uma estátua de bronze de homenagem a Yeager.

Ele era "o mais justo de todos e tinha tudo que era correto", disse o major-general Curtis Bedke, comandante do Centro de Testes de Voo da Força Aérea em Edwards.

Natural de Myra, uma pequena da Virgínia 0cidental, onde nasceu a 23 de fevereiro de 1923, Chuch Yeager voou ao longo de mais de 60 anos, tendo pilotado um F-15 a cerca de 1.609 km/hora, em Edwards. Estava-se em outubro de 2002 e o piloto contava 79 anos.

Viver até uma idade avançada não é um fim em si mesmo. O truque é aproveitar os anos que restam", escreveu o piloto em "Yeager: An Autobiography" ("Yeager: Uma autobiografia", numa tradução livre).

"Ainda não fiz tudo, mas quando terminar, não terei perdido muito", escreveu o piloto. "Se morrer amanhã, num choque de avião, não será de rosto carrancudo. Eu tive uma bola", frisou.

Em 14 de outubro de 1947, Yeager, um capitão com 24 anos, quebrou a barreira do som sobrevoando a cidade de Victorville, na Califórnia. Nos anos 1950, pilotou aeronaves em testes para a força aérea norte-americana, tendo também investigado vários acidentes aéreos. Em 1960, foi nomeado diretor da escola espacial da base aérea em Edwards.

Na altura em que quebrou a barreira do som, o militar disse que podia ter voado mais rápido se o avião tivesse mais combustível. "Foi bom, foi como andar num carro a alta velocidade", frisou, na altura.

Yeager batizou a aeronave com que quebrou a barreira do som, assim como todas as aeronaves que pilotou, com o nome de "Glamorous Glennis" (Glamorosa Glennis, numa tradução livre), em homenagem à primeira mulher, que morreu em 1990.

O feito de Yeager ao bater a barreira do som só foi divulgado um ano mais tarde, quando o mundo pensou que tinham sido os britânicos a fazê-lo.

"Não era uma questão de não ter aviões que voassem a velocidades como aquela. Era uma questão de evitar que eles se desintegrassem", referiu, a propósito.

Sessenta e cinco anos depois daquela façanha, Yeager comemorou-a, em 14 de outubro de 2012, voando no banco de trás de um F-15 Eagle que quebrou a barreira do som a mais de 30.000 pés (9.144 metros) sobrevoando o deserto Mojave, na Califórnia.

As façanhas de Chuck Yeager foram contadas no livro "The right stuff", de Tom Wolfe, adaptadas ao cinema no filme de 1983, "Os Eleitos", realizado por Philip Kaufman.

Charles Yeager alistou-se nas forças aéreas do exército norte-americano, em 1941. Mais tarde, lamentou não ter frequentado a universidade, o que o impediu de se tornar um astronauta.

Começou como mecânico de aeronaves e, apesar de ter enjoado bastante na primeira viagem de avião, inscreveu-se num programa que permitia a recrutas tornarem-se pilotos.

Na Segunda Grande Guerra, Yeager abateu 13 aviões alemães em 64 missões, incluindo cinco numa única missão. Sofreu um acidente aéreo na França ocupada pelos alemães, tendo sobrevivido graças à ajuda de soldados franceses.

Após a Segunda Grande Guerra, tornou-se piloto de testes na Base da Força Aérea Wright-Patterson em Dayton, no Ohio.

Yeager também comandou esquadrões de caça e asas da Força Aérea assim como a Escola de Pilotos de Pesquisa Aeroespacial para astronautas militares.

``Pilotei 341 tipos de aviões militares em todos os países do mundo e registei cerca de 18.000 horas de voo", disse, em entrevista ao Men´s Journal, em janeiro de 2009.

Estrela de Prata, Distinta Cruz Voadora, Estrela de Bronze, Medalha Aérea e o Coração Púrpura constam das condecorações com que foi distinguido.

Em dezembro de 1948, o presidente Harry Truman condecorou-o com o troféu aéreo Collier, por ter quebrado a barreira do som. Em 1985, foi também agraciado com a Medalha Presidencial da Liberdade.

Yeager aposentou-se da Força Aérea, em 1975, mudando-se para um rancho em Cedar Ridge, no norte da Califórnia, onde continuou a trabalhar como consultor da Força Aérea e da Northrop Corp.

Do primeiro casamento, celebrado em 26 de fevereiro de 1945, na Califórnia, com Glennis Dickhouse de Oroville, teve quatro filhos: Donald, Michael, Sharon e Susan.

Em 2003, casou-se, pela segunda vez, com Victoria Scott D'Angelo que, na altura, tinha 45 anos.

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