Um conto de Natal

Podia começar por “Era uma vez…”.

Nestes tempos conturbados e assustadores, com tantas separações e dificuldade de vivermos em conjunto, ainda existe esperança; ela revoluciona os homens e transforma-os.

Nos prédios onde vivo, cada família vivia o Natal virada para si mesma, muitos com certeza agradecendo a vinda do Menino que nos veio salvar.

Este Natal, porém, sentia-se que tinha de haver uma mudança; todos sentíamos a necessidade de ajudar e partilhar. Desta forma, formou-se um grupo de pessoas, que começaram a trabalhar para colmatar esta ânsia de sermos mais solidários.

Perto de nós, existe um convento, e alguém teve a ideia de irmos falar com as irmãs, pedindo-lhes que nos dessem a conhecer as famílias mais carenciadas desta zona, para que pudéssemos ajudá-las. E foi assim que tudo começou.

Devido à pandemia, tínhamos de arranjar maneira de ajudar estas famílias sem ter de lhes entregar bens alimentares, por causa dos perigos de contágio. Resolvemos, por isso, fazer uma entrega de vales que pudessem ser trocados por esses bens.

Organizou-se uma lista de endereços de e-mail – a tecnologia também ajuda –, e todos os condóminos foram postos ao corrente do que se estava a passar e do que pretendíamos.

E, em prédios onde muitas vezes nem conhecemos os vizinhos, e, quando os vemos, nos limitamos a um simples bom-dia ou boa-tarde, algo maravilhoso aconteceu: todos tinham necessidade de fazer algo diferente este ano e todos ofereceram ajuda.

Deste modo, começámos a conversar uns com os outros, e mais coisas aconteceram: as janelas iluminaram-se e fizemos um presépio coletivo. E combinámos que um Pai Natal iria distribuir uma lembrança no jardim coletivo a todas as crianças que quisessem participar (com as devidas precauções, claro).

Mas não ficámos por aqui: também vamos contar a história deste presépio que se montou para todas as crianças, a história do Menino que está deitado nas palhinhas, com sua Mãe e São José.

Mesmo nos momentos duros da mossa vida, podemos sempre, com ajuda de Deus e dos homens, ser mais felizes.

Noutro contexto, mas que nos pode ajudar neste Natal, o Santo Padre observava: “Na nossa vida, muitas vezes sucedem coisas cujo significado não entendemos”; mas podemos fazer o que está ao nosso alcance para transformá-las em focos de luz.

Santo Natal!

Ana Maria Figueiredo

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