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O mais jovem candidato a deputado na Venezuela apela ao voto

Randol Virgüez não quer ceder espaço ao chavismo

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O mais jovem candidato a deputado da Venezuela, Randol Virgüez, apelou aos venezuelanos para que participem em massa nas eleições legislativas marcadas para 6 de dezembro, para evitar ceder espaços ao chavismo, que responsabiliza pela "destruição do país".

O apelo, segundo Randol, militante do Vontade Popular (VP), o partido do líder opositor Juan Guaidó, é necessário porque as eleições legislativas venezuelanas tradicionalmente registam uma forte abstenção e a não participação da oposição em processos anteriores beneficiou os deputados do regime.

Não podemos perder esse espaço, porque seria dá-lo a quem destruiu o país em 20 anos. Temos que defendê-lo porque se tornou o maior bastião da luta da oposição e não votar é render-se", disse o jovem candidato, de 21 anos, em declarações à Lusa.

"O grande problema é que os venezuelanos não entendem a importância do parlamento, que aí se nomeiam os poderes públicos, criam as leis que se aplicam na nação. É por isso que não podemos abandonar esse espaço, que é igual ou até mais importante que a Presidência da República", considera este militante da oposição venezuleana.

Randol Virgüez explicou que "há uma divisão clara entre um setor [da oposição] que estava determinado a não participar [nas eleições], respondendo a interesses de uns líderes, e outro setor, principalmente das bases, dos municípios, que está determinado a participar e procurar novas oportunidades e novos líderes".

Sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de, em julho último, impor uma direção ao partido VP, garante que respondeu a um pedido dos militantes do partido.

"Uma parte (a direção) estava determinada a não participar nas eleições, por isso os militantes, que queriam participar, pediram ao STJ, que decidiu entregar-lhes o partido para que participassem. Um partido não é uma empresa, não tem dono, pertence às bases que o constituem", sustentou.

O jovem candidato a deputado desvaloriza uma possível fraude e diz que "a maior garantia da legitimidade de um processo são as testemunhas eleitorais" em cada centro, e que "foi assim que a oposição ganhou as eleições parlamentares de 2015".

Por outro lado, acredita que a partir de janeiro a Venezuela passará por "um novo processo de reconciliação nacional, que buscará voltar a institucionalizar o país e encontrar soluções para o problema económico, a escassez de gasolina e de alimentos".

"Será a democracia que, no momento oportuno, dará a oportunidade de afastar esses bandidos (do regime) que destruíram o país e de renovar uma oposição que enganou e mentiu ao povo", acredita este candidato da oposição.

Randol considera que a crise local "é culpa da má gestão dos Governos de Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013) e Nicolás Maduro, porém as sanções (internacionais) agravaram ainda mais" a situação.

"As sanções não afetam quem está em Miraflores (palácio presidencial), ou no Forte Tiúna (a principal base militar em Caracas), afetam os venezuelanos comuns, que passam horas e horas para conseguir gasolina e alimentos. Devemos fazer diminuir ou que desistam das sanções", sublinhou.

Questionado sobre a ideia, expressa por grande parte dos venezuelanos, de que os políticos são corruptos, este jovem político considera ser um exemplo de que não é assim.

"Tenho 21 anos, sou o candidato mais jovem e assumir este desafio não foi fácil, porém estou aqui sem ficha criminal, dizer que todos os políticos são corruptos é incorreto", disse nas declarações á Lusa.

Este candidato não está preocupado com as posições e questionamentos dos EUA nem da União Europeia sobre a legitimidade das eleições parlamentares porque, sustenta, "a Constituição da Venezuela é clara, a legitimidade dos processos eleitorais é dada pelas instituições (locais) e pela vontade popular, e não é a comunidade internacional que legitima o processo".

Quanto ao futuro do líder opositor Juan Guaidó, o jovem militante do VP acredita que deixará de ser deputado "porque decidiu não optar pela reeleição (não participa das eleições)" e que teve "uma responsabilidade e um grande poder que infelizmente não soube usar".

Apoiante "da ideia de que Juan Guaidó se proclamasse como presidente interino em janeiro de 2019", confessou que com o tempo ficou dececionado, porque "passaram dois anos" e nada mudou", e considera que "quando algo não está dando certo há que mudar de estratégia".

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