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O conforto térmico

Para ter conforto térmico, o corpo troca calor com o meio ambiente de acordo com o metabolismo de cada pessoa. Neste artigo, fique a conhecer os cinco processos.

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Foi-se o Verão e temos o Inverno à porta. Foi-se o friozinho do ar condicionado do Verão e temos o forninho do ar condicionado do Inverno. Claro que estou a ironizar e o objectivo será desmistificar algumas ideias sobre a utilização do ar condicionado nas duas estações do ano, incluindo até os períodos intermédios.

Primeiro, pode definir-se como conforto térmico a condição que expressa satisfação com o ambiente térmico circundante. Ter conforto térmico significa não sentir nada, ou melhor dizendo, sentir-se bem.

Para que esta condição ocorra, é necessário que se cumpram algumas condições no meio onde estamos, nomeadamente a temperatura e humidade do ar, a temperatura de todas as superfícies que nos rodeiam (paredes, pavimentos, tectos, mobiliários e equipamentos), a radiação solar directa e até a radiação solar difusa. Diz a lei, que até para isto há lei, que a temperatura média de conforto no Verão é entre 24 e 25ºC e no Inverno é entre 20 e 21ºC, e no geral o grau de humidade está entre os 50 e 55%. Diz ainda que a velocidade do ar na chamada zona ocupada deve ser igual ou inferior a 0.25m/s, fazendo ainda referência à diferença entre a temperatura exterior e a temperatura interior, contudo não me debruçarei sobre essa última temática mais específica.

Sabe-se também que para ter conforto térmico, o corpo troca calor com o meio ambiente, de acordo com o metabolismo de cada pessoa por cinco processos:

-Condução, quando tocamos numa superfície a determinada temperatura;

-Convecção que depende da temperatura directa do ar que nos toca;

-Radiação, que depende da temperatura, da área e da proximidade das superfícies que nos rodeiam;

-Evaporação que está diretamente relacionado com o suor, dependendo do grau de humidade do ar;

-Respiração, que apenas depende do metabolismo e que afecta directamente a condição do ar que nos rodeia, quer em temperatura e humidade.

Para além destes processos que ocorrem naturalmente, é de igual importância o vestuário usado em cada período, assim como a qualidade do ar do espaço onde estamos e que diz respeito essencialmente ao uso da ventilação de forma adequada e suficiente. Assim, não faz sentido querer sentir frio no Verão e calor no Inverno. Ouve-se muitas afirmações sobre os equipamentos de climatização, “isto faz pouco frio”, “com esta máquina não sinto frio”; “está frio e é melhor desligar o AC”; “está muito calor, põe isso no máximo”; “isso não faz mais frio?”; “põe bem frio e quando as pessoas entrarem desligamos”. Estas e outras expressões semelhantes repetem-se também para o Inverno.

Lidar com os equipamentos de ar condicionado desta forma significa gastar mais energia para causar desconforto e até prejudicar a saúde. Recomenda-se, assim a regulação do termóstato no período de arrefecimento (ou seja, Verão) para 25ºC, e no período de aquecimento (ou seja, Inverno) para 20ºC, podendo-se variar ±1ºC só para acertos. Em ambos os casos recomenda-se a velocidade do ventilador no nível médio ou, de preferência, no mínimo. Desta forma esquecem-se que existe ar condicionado. Caso será para dizer que o ar condicionado é para não se sentir.

*Artigo escrito pelo Engenheiro Técnico Mecânico José Jesus

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