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Estudo da vacina Coronavac no Brasil chega à fase final

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O estado brasileiro de São Paulo e o Instituto Butantan confirmaram hoje que o estudo da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a covid-19, chegou à fase final e os resultados sairão na primeira semana de dezembro.

Segundo o governo estadual de São Paulo, a previsão é que 46 milhões de doses estejam disponíveis no Brasil até janeiro do próximo ano.

"Isso será possível porque o estudo clínico alcançou o patamar necessário para abertura da pesquisa e análise da eficácia da vacina. Até ao momento, 74 voluntários estavam infetados, número superior ao mínimo requerido para esta etapa, que previa pelo menos 61 participantes contaminados", explicaram as autoridades locais em comunicado.

A fase três do estudo divide os voluntários em dois grupos iguais, em que metade dos participantes toma a vacina e a outra metade um placebo.

Os resultados serão enviados ao Comité Internacional independente na primeira semana de dezembro e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador do Brasil), para que seja analisado o relatório de verificação da vacina desenvolvida pelo Butantan em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac Life Science.

Os testes no Brasil estão a ser coordenados desde julho pelo Butantan em 16 centros de investigação científica espalhados por sete estados brasileiros e pelo Distrito Federal.

Na última semana, o primeiro lote com 120 mil doses chegou a São Paulo. A expectativa do governo estadual é que a Anvisa aprove o imunizante até janeiro de 2021.

As 120 mil doses fazem parte de um lote de seis milhões previsto para chegar até ao final de dezembro, e que serão armazenadas num local que não foi divulgado pelo governo paulista por questões de segurança.

"A celeridade do Instituto Butantan, também por essa 'expertise' de produção consagrada de vacinas, pode permitir que a CoronaVac seja a primeira disponível para nossa população. Só com a vacina viveremos o nosso normal. Até então, precisamos lembrar que estamos em quarentena e todo comportamento deve ser responsável, mantendo todas as regras sanitárias", afirmou o secretário de estado da Saúde, Jean Gorinchteyn.

A Coronavac entrou no país sul-americano através de uma parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e as autoridades do estado de São Paulo, cujo governador, João Doria, se tornou um dos adversários mais ferrenhos do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o que levou a uma forte disputa política em torno do imunizante.

Em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a intenção do Governo central de comprar 46 milhões de doses da fórmula chinesa. Porém, algumas horas após o anúncio, Bolsonaro desautorizou o seu ministro, através das redes sociais, e vetou a compra da Coronavac, argumentando que o imunizante ainda nem sequer havia superado a fase de testes clínicos.

A recusa do chefe de Estado brasileiro contrasta com um outro acordo - firmado pelo seu Governo com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca - para a compra de 100 milhões de doses da vacina, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de estudos que o imunizante da Sinovac.

Depois de várias críticas, Bolsonaro recuou e admitiu a possibilidade de adquirir a Coronavac, caso seja aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, e vendida a um preço que considere adequado.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6 milhões de casos e 169.183 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.388.590 mortos resultantes de mais de 58,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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