Madeira

Governo a falhar na velocidade, dimensão e alvo

Paulo Cafôfo diz que a prova do "falhanço" das medidas é o aumento do desemprego. E pede apoios a fundo pedido para as empresas

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Foto Arquivo

Salvaguardar a todo o custo a sobrevivência das empresas e a manutenção dos postos de trabalho deve ser a prioridade do Governo Regional, defendeu Paulo Cafôfo, presidente do Partido Socialista – Madeira em reacção ao aumento do número de desempregados no mês de Outubro, que foi de 0,4%, ascendendo agora a 19.408 as pessoas à procura de trabalho na Região. A subida, quando comparada com o mesmo período de 2019 revela um agravamento de 30,5%, não estando no entender de Paulo Cafôfo o executivo liderado por Miguel Albuquerque a responder na velocidade desejada, na dimensão necessária e a falhar o alvo. O reforça a necessidade de apoiar a fundo perdido.

O líder do PS-Madeira diz que o emprego “deve ser o foco de todas as políticas de investimento público no combate à covid-19” e salvar empresas e proteger emprego o cerne dessa intervenção. “Infelizmente as políticas não têm sido bem conseguidas”, afirmou.

Na opinião do principal partido da oposição, as repostas à crise para serem bem-sucedidas dependem da velocidade - da rapidez com que esses apoios chegam; da dimensão - a quantidade necessária para acudir às necessidades; e do alvo – de incidir nos sectores de actividade onde são mais necessárias. “Eu acho que temos falhado nos três”.

Paulo Cafôfo entende que os programas disponibilizados pelo Governo Regional não estão a conseguir dar resposta, a começar pelas linhas de apoio que para o socialista “não são bem linhas de apoio, são linhas de crédito em que os empresários recorrem aos bancos.” E dá como exemplo o Investe RAM Covid-19, em que só será a fundo perdido se no período de 18 meses mantiverem os postos de trabalho. “Face a este aumento de desemprego, não me parece que isso seja viável. Vamos estar a contribuir unicamente para o endividamento das empresas”

Paulo Cafôfo fala de “um fracasso” dos programas, e dá como exemplo a já referida, que apesar de ter disponíveis 100 milhões de euros, só conseguiram gastar 58 milhões e já está numa segunda fase. “Isto não significa que os empresários não tenham necessidades”. Significa sim, no entender o presidente do PS, “que o modelo não foi adequado às necessidades das empresas, além da excessiva burocratização”. Diz que esta segunda fase é “uma reciclagem das linhas de apoio, o que significa que houve aqui um falhanço”.

Para Paulo Cafôfo esse falhanço reflecte-se neste aumento do desemprego, que só efectivamente não é maior porque há pessoas que estão em formação e programas de ocupação. “Mas formação ou programas de ocupação não é emprego, é precariedade. Estamos a falar só de um analgésico, não da cura necessária para a doença.” Alerta ainda para o facto de cerca de 70% dos desempregados não receberem subsídio de desemprego, uma “calamidade social”.

O Partido Socialista quer apoio imediato e a fundo perdido de programas de apoio fazer face às despesas fixas, onde se incluem os salários dos trabalhadores, rendas, segurança social, electricidade, água e seguros, entre outras, despesas que as empresas não podem fugir e que desta forma, acredita o líder, garantirão a continuidade nesta fase em que não há receitas.

Paulo Cafôfo acredita que a Região tem capacidade financeira, que se trata de uma situação de emergência e que as prioridades políticas têm de ser todas canalizadas para o apoio. Lembra ainda que a Região conseguiu do Governo da República a moratória das tranches do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, bem como o apoio ao financiamento para poder acudir às necessidades. “Tem os meios financeiros, a questão está na incapacidade em fazer chegar estas verbas à economia”.

“Depois de destruir um posto de trabalho, é muito mais difícil de o voltar a criar numa região com uma economia débil e dependente do exterior e particularmente do Turismo, o sector mais afectado”, vincou.

Quando surgir uma vacina e o impacto diminuir a Madeira deve estar preparada para estar na linha da frente e para recuperar e alavancar toda a economia, defende, e para isso é importante preservar as empresas e os empregos. “Não sabemos quando, não sabemos a duração da crise pandémica. O que temos de fazer é proteger ao máximo os postos de trabalho para quando estivermos em condições de a situação epidemiológica melhorar, economia poder crescer o mais rápido possível”, concluiu.

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