Boa noite!

Cruzei-me às 7h da manhã com uma senhora que nunca tinha visto na vida. Enquanto pedia o pequeno-almoço num dos restaurantes da Rua Fernão Ornelas dirigiu-me palavras encorajadoras. Sabia quem eu era, o que fazia e o que escrevia. Deu-me força para a luta nestes dias tristonhos, que julgava muito preenchidos e feitos sobretudo de paciência para lidar com mais queixas do que elogios. E que mantivesse a alegria.

Desejou-me um “bom dia” com tal carinho que a esta hora ainda dura. Retribui mas soube-me a pouco. Ganhei o dia naquele instante e convenci-me que devia de alguma forma retribuir a generosidade matinal daquela mulher com idade para ser a mãe que já não tenho desde bem cedo e que me faz tanta falta. Como?

Tentando manter a boa disposição apesar da tormenta pandémica. Surpreendendo-me com o encanto dos gestos menos comuns. Escrevendo algo de diferente neste espaço, porventura mais solidário, agora que estamos mais perto desse tempo de dar muito mais do que prendas, de olhar com ternura para os mais desprotegidos, de partilhar com desprendimento o que pode ser essencial a todos quantos  desconhecemos, mas que vivem amargurados, sem rumo, sem emprego e sem pão.

Dei por mim a colecionar momentos e causas em que todos podemos ser mais activos e altruístas. Como nem todas chegam às notícias, fica o compromisso de haver sempre um ‘boa noite’ solidário’ até ao Natal.

Começo com o apelo feito pela Associação Dadores de Sangue da Região, que tem como objectivo promover a solidariedade através da dádiva benévola de sangue e incentivar hábitos de vida saudáveis.

Pediram-nos apoio para divulgarmos a sua mensagem habitual. Grande parte desse trabalho ocorria de forma presencial, com divulgação em escolas e outras instituições. Devido às limitações impostas pelo contexto actual, é preciso continuar a apelar de outra forma aos grandes gestos de amor pelo próximo, para  que a vida não pare.