Fuck-Manifs

A Restauração sai à rua a manifestar-se contra as medidas governamentais, que impõe horário que não convém aos proprietários daqueles espaços de comes e bebes à lagúrdia, como dizia o Gregório engraxador, um engraxador e ex-marinheiro, e ainda poeta popular. Mas enquanto o Gregório comia a sua refeição de uma lata, sentado na escadaria do cinema, os frequentadores dos restaurantes querem estar abertos até ao arroto prolongado e bem sonante, já que lhes sobra métodos de pagamento, e os proprietários processos de acumular mais uns cobres para juntar aos benefícios de contas falsas ditas perante os canais de televisão. O choradinho que os portugueses conhecem bem e no qual pouco acreditam Eles atiram-se ao mamanço sem pudor, com discurso que não corresponde à verdade nua e crua, só para levar com tal paleio o Governo e receber subsídios ou verbas que ficam disponíveis a quem vai para a rua protestar de que tem prejuízos enormes e diminuição de lucros que nunca tiveram mesmo em tempo de normalidade no tempo anterior à pandemia que nos fecha e confina em casa. Nenhuma medida governamental que tenta defender que o estado actual se agrave e o remédio para a cura se torne mais difícil. Tais proprietários dos vários restaurantes ditos em crise, não se deslocam a pé como o velho Gregório, que caminhava com a caixa da graxa até ao seu posto de trabalho, mas de Porche, Lexus, BMW, Audi, e topos de gama. Os seus filhos e mulher acompanha-os em viaturas idênticas. Mas a TV, entrevista-os para compor um folclore e convencer que hà verdade naquela burla teimosamente e repetidamente posta no ar. Eles dizem para as câmaras barbaridades a avolumar o ramalhete, enquanto de facto as tascas, essas sim, sofrem sem clientes, que nunca os tiveram em número desde sempre que desse para a côdea e andam de motorizada até aos mercados para comprar o peixe, carne, repolho para uma sopa, que só o pobre procura, e a tais tascas se desloca para enganar o estômago. Estes tasqueiros de aldeia, rurais, não vão para o Rossio ou praça de renome onde talvez entabulem, conversa com algum ministro que os procure acalmar com a justificação de que ali está também preocupado com a época. Os restantes “que cantam a Grândola” como agora convém, são acompanhadas por um coro a que nunca se tinham agrupado para a cantar. Estas manifes “revolucionárias”, não passam de atitudes de aproveitamento da pandemia, que lhes transmitiu o vírus do choradinho ampliado, e que os jornalistas de exterior e dos canais televisivos, que amplificam a falsidade dos discursos, e do escândalo dos valores anunciados ou revelados de realidades que nunca existiram, mas que repetem até à exaustão só para alimentar audiências arrebanhadas, e que ainda não estão convencidas dos factos ali “inventados” e que escondem os lucros acumulados em devido tempo. Em tempo saudável e que dava para passear em Lamborghini. E o povo é quem paga tal folclore. Que dizer eu, que recebo uma reforma abaixo de 400 euros, e não possuo sequer uma bicicleta de pedal para levar a namorada ao Restaurante requintado, e na manife tão publicitados pelos Chefes Ljubomir e outros Reis do leitão? se o Gregório ainda fosse vivo, havia de nos cantar de improviso uma quadra das suas com que nos encantava, desde as escadas do velho cinema, junto à sua caixa da graxa e da sua refeição com a garrafa do tinto à mão. E sem queixume!

Joaquim A. Moura

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