Coronavírus Mundo

Recorde de contágios gera receio de colapso sanitário na Europa

Saiba como estão os países europeus a lidar com a crise da pandemia

None

A segunda vaga da pandemia de covid-19 está a alastrar-se pela Europa e, nos diferentes países, começa a crescer a preocupação quanto à sustentabilidade dos sistemas de saúde, face ao número diário elevado e crescente de novos casos.

Após as dificuldades que atravessaram grande parte dos países europeus, com os hospitais à beira do colapso, o problema voltou outra vez a mostrar-se muito sério, desta vez com a acumulação de problemas técnicos e de pessoal.

BÉLGICA

Com uma incidência acumulada de 1.390,9 casos por cada 100.000 habitantes em 14 dias, a Bélgica superou a República Checa (1.379,8) e tornou-se já o país europeu mais afetado pela segunda onda do novo coronavírus.

Segundo o boletim sanitário das autoridades locais, a Bélgica regista uma média diária de novas infeções de 13.052 na última semana, bem como um aumento semanal médio de contágios de 38%.

As hospitalizações na Bélgica estão a subir a um ritmo semanal de 88%, com 502 internamentos diários em média, enquanto as mortes associadas ao Sars-CoV-2 se situaram na média diária de 48,3 óbitos, uma alta semanal de 50%.

A situação nos hospitais está a preocupar as autoridades de Bruxelas, já que estão a ser submetidos a grande pressão, de tal forma que poderá deixar de haver camas disponíveis nas unidades de cuidados intensivos (UCI) em duas semanas.

Desde 19 deste mês que a Bélgica impôs um recolher obrigatório noturno em todo o país, que encerrou totalmente o setor da hotelaria.

 RÚSSIA 

A Rússia registou 320 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, o maior número de óbitos num só dia desde o início da pandemia, indicaram hoje fontes sanitárias russas. Segundo os dados oficiais, nas últimas 24 foram detetados 16.550 novos casos de infeção, 4.312 em Moscovo, principal foco infeccioso do país.

"O sistema [de saúde russo] está a trabalhar hoje em toda a sua capacidade, pelo que se torna imprescindível que todos nos unamos para deter este processo infeccioso", disse hoje o ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, sublinhando que o "comportamento responsável dos cidadãos é vital" para conter a covid-19.

Com 1.547.774 casos acumulados, a Rússia é hoje o quarto país do mundo com maior número de infeções, atrás dos Estados Unidos, Índia e Brasil.

ALEMANHA

A falta de pessoal nos hospitais está a converter-se num dos principais problemas para assistir os doentes com coronavírus na Alemanha, onde o número de pacientes nas UCI duplicou em duas semanas.

Há, porém, camas e ventiladores em número suficiente nas unidades de cuidados intensivos, mas teme-se a escassez de profissionais para atender os atuais 1.362 que se encontram internados, 622 deles nas UCI.

A Alemanha registou nas últimas 24 horas 11.409 novos casos, face aos 6.868 de há uma semana, de acordo com os dados oficiais divulgados às 00:00 de hoje.

O total acumulado de casos de covid-19 desde o primeiro contágio, em fins de janeiro, situa-se em 449.275, com 10.098 óbitos, 42 mais do que no dia anterior.

REPÚBLICA CHECA

A República Checa, com a maior taxa de casos de covid-19 da União Europeia (UE), optou por decretar o recolher obrigatório entre as 21:00 e as 05:00 locais, após constatar que as severas medidas impostas para travar a propagação da doença não estão a surtir o efeito desejado.

Segundo o Ministério da Saúde checo, nas últimas 24 horas contabilizaram-se mais de 10.000 novas infeções em todo o país, que conta com 10,6 milhões de habitantes.

O Governo de Praga advertiu recentemente que as medidas aplicadas ao longo deste mês para restringir os contactos foram "ineficazes" e decidiu segunda-feira à noite decretar o recolher obrigatório a partir de quarta-feira, 28 de outubro, dia da Festa Nacional do país.

Nesse sentido, fica proibido sair de casa durante aquele período, salvo em determinadas exceções devidamente justificadas.

As autoridades de Praga preveem que a capacidade hospitalar possa ser superada na segunda semana de novembro, o que as levou a abrir u novo hospital de campanha na capital, com 500 camas e que está a funcionar desde domingo passado.

A República Checa acumulou cerca de 163 mil infeções desde o início da pandemia, com 5.613 pacientes hospitalizados, 800 deles em estado grave.

FRANÇA

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, preside hoje a um Conselho da Defesa para preparar um endurecimento das medidas restritivas, que poderão chegar mesmo a um confinamento total face à ameaça de sobrelotação dos hospitais nas próximas duas semanas.

O chefe do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Tenon de Paris, Gilles Pialoux, é um dos muitos médicos que nestes últimos dias defendeu o regresso a um confinamento total face ao panorama existente no país.

"Tem de se voltar ao confinamento e deixar de lado a economia, porque isso pode-se recuperar. No entanto, se se falhar uma reanimação, isso não é recuperável", afirmou Pialoux numa entrevista ao canal de televisão BFMTV, realçando a "brutalidade" da segunda vaga de covid-19, que está "mais precoce, mais crítica e mais forte" do que se havia antecipado.

Nos últimos sete dias, os hospitais franceses registaram 13.066 internamentos devido ao novo coronavírus. Segunda-feira, segundo os dados avançados pela Agência de Saúde Pública (ASP) francesa, estavam hospitalizados 17.784 pacientes, 2.770 nas UCI.

Tal significa que há sete vezes mais internamentos por covid-19 do que quando começou o confinamento em França, a 17 de março, e quatro vezes mais nas UCI.

 ITÁLIA 

Em Itália, 15% das vagas disponíveis nas UCI estão ocupadas por doentes infetados com covid-19. Está previsto que a percentagem possa descer para 11%, face às 1.600 camas adicionais que se criaram para deixarem os hospitais respirar.

O Governo italiano já decretou alguns encerramentos de atividades, como ginásios, teatros e cinemas, e impôs as 18:00 locais como horário de fecho de restaurantes e bares com o objetivo de travar a propagação de infeções, num momento em que registaram cerca de 20.000 casos diários e com as UCI a, pouco a pouco, ficarem quase repletas em todo o país.

Os infetados com covid-19 nas UCI italianas são já 1.284 e crescem a uma média diária de 90 pessoas, o que faz temer que, em poucas semanas, os hospitais possam entrar em colapso, tal como ocorreu em março.

As autoridades italianas estão preocupadas são só com o número insuficiente de camas como também com a falta de pessoal.

Por outro lado, na noite de segunda-feira para hoje viveram-se momentos de "guerrilha urbana", tal como define a agência noticiosa espanhola EFE, em várias cidades italianas, como Milão e Turim, durante protestos contra o encerramento, às 18:00, de algumas atividades comerciais, como bares e restaurantes.

POLÓNIA

O ministro da Saúde polaco indicou hoje que, nas últimas 24 horas, se registaram 16.300 novos casos de infeção com covid-19, um novo recorde num país que está a assistir a uma forte subida de contaminações depois de uma primeira onde suave.

O número total de infetados é atualmente de 280.229 e, entre eles, figura o Presidente polaco, Andrzej Duda, que anunciou segunda-feira ter registado um resultado positivo ao teste de despistagem e que, segundo o porta-voz presidencial, Blazej Spychalski, se encontra bem.

A Polónia está a assistir a um forte aumento de casos do novo coronavírus nas últimas duas semanas, registando recordes consecutivos, após ter conseguido controlar a pandemia entre março e junho sem ter de recorrer a grandes restrições.

O crescimento é agora exponencial e prevê-se que esta semana se alcancem 30.000 infetados diários.

REINO UNIDO

Nas últimas 24 horas, o Reino Unido registou novamente mais 20.000 novos casos, ao somar 20.890 infeções e 102 mortes por covid-19, com os especialistas a alertarem para um "aumento exponencial" dos contágios no país.

No mesmo período, outras 1.142 pessoas foram hospitalizadas por causa do novo coronavírus, que já provocou a morte a 44.998 infetados no conjunto do Reino Unido e mais de 890.000 contágios.

O chamado Grupo Científico Assessor para Emergências (SAGE, na sigla em inglês) do executivo conservador de Boris Johnson referiu ser "quase certo que a epidemia continue a crescer de forma exponencial em todo o país".

As novas infeções estão a aumentar rapidamente em grandes regiões de Inglaterra e foram também detetados aumentos significativos em zonas da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

ROMÉNIA

A Roménia registou nas últimas 24 horas 104 mortes associadas à covid-19, estabelecendo um recorde de óbitos num só dia, bem como 4.724 novas infeções, o que eleva o total de casos positivos no país para 217.216. Nas UCI estão internados 824 pacientes.

O ministro da Saúde romeno, Nelu Tataru, declarou segunda-feira que o país tem operacionais 1.200 camas nas UCI nos diferentes hospitais do país e que se espera que, até ao final do mês em curso, estejam disponíveis 200 outras adicionais.

A Roménia está a viver em outubro um novo aumento de novos casos, o que levou as autoridades romenas a encerrar escolas, bares, restaurantes, casinos, cinemas e teatros em várias das principais cidades do país.

PAÍSES BAIXOS

As autoridades sanitárias holandesas indicaram segunda-feira terem sido contabilizados 10.353 novos casos de covid-19 nas 24 horas precedentes, assim como a morte de 26 infetados com a doença, o que deixa claro que as infeções continuam a aumentar apesar do "confinamento parcial" introduzido já há duas semanas.

Hospitalizados devido ao novo coronavírus estão 2.249 pacientes, com 506 deles nas UCI.

Ainda hoje, o primeiro-ministro dos países Baixos, Mark Rute, vai falar ao país em mais uma conferência de imprensa, mas adiantou segunda-feira que não anunciará novas medidas e que prefere esperar mais uma semana para se assegurar dos efeitos das atuais restrições, que incluem o encerramento total da hotelaria e a proibição de consumo de bebidas alcoólicas e de drogas a partir das 20:00.

 PORTUGAL

Os hospitais portugueses começam a organizar-se para enfrentar a previsivelmente complicada próxima semana, em que se calcula que poderão aumentar 80% os casos de hospitalização e superar o máximo de internamentos nas UCI registado na primeira vaga da covid-19.

Com a pressão hospitalar a aumentar -- Portugal tem 1.672 infetados com covid-19, o número mais alto desde o início da pandemia -, alguns hospitais de Lisboa e do norte, a zona mais afetada pela expansão da curva, começam a avisar que terão de ser tomadas decisões nos próximos dias.

A pressão sobre estes dois eixos epidemiológicos concentra a preocupação de segunda vaga de covid-19 em Portugal, aguardando-se que o número de pacientes hospitalizados possa aumentar mais de 80% numa semana, até superar os 3.000 internamentos a 04 de novembro, com 444 nas UCI.

Portugal contabilizou hoje mais 28 mortos relacionados com a covid-19 e 3.299 novos casos confirmados de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), que adianta que o país totaliza 124.432 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e 2.371 óbitos.

Em relação aos internamentos, o número de pessoas hospitalizadas continua a subir desde há mais de uma semana, sendo agora 1.747 pessoas, mais 75 do que na segunda-feira, e destas 253 (mais 13) estão em UCI.

As autoridades de saúde têm agora sob vigilância 60.063 pessoas, mais 432 nas últimas 24 horas. A DGS revela ainda que estão ativos 49.717 casos, mais 883.

Nas últimas 24 horas foram dados como recuperados 2.388 casos, totalizando 72.344 desde o início da pandemia.

A partir de quarta-feira é obrigatório o uso de máscaras em espaços públicos e o não cumprimento desta imposição é punido com multas que vão até aos 500 euros, segundo uma nova lei publicada segunda-feira em Diário da República.

O diploma refere que a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços públicos, uma forma de combater a pandemia de covid-19, terá a duração de 70 dias e abrange pessoas a partir dos 10 anos para "acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável".

Contudo o diploma estabelece exceções, nomeadamente para elementos do mesmo agregado familiar, quando não se encontrem na proximidade de terceiros.

A fiscalização do cumprimento da lei cabe às forças de segurança e às polícias municipais, devendo estas, em primeiro lugar, sensibilizar as pessoas para a importância do uso de máscara em vias públicas.

No âmbito da Lei serão ainda realizadas campanhas de sensibilização junto da população sobre a importância do uso de máscara em espaços e vias públicas, para incentivar a adesão espontânea das pessoas e outras medidas de proteção individual e coletiva contra a covid-19.

ESPANHA

Ao anunciar segunda-feira os dados estatísticos do passado fim de semana, as autoridades sanitárias espanholas registaram 52.188 casos de covid-19, o número mais elevado alcançado num sábado e domingo, o que faz subir o número total de infetados para 1.098.320.

No mesmo período, Espanha teve ainda mais 279 mortos devido à doença notificados nos últimos três dias, aumentando o total de óbitos para 35.031.

Sempre no mesmo período, deram entrada nos hospitais com a doença nas últimas 24 horas 1.584 pessoas, das quais 327 na Catalunha, 273 na Andaluzia e 188 em Madrid.

Estão hospitalizados em todo o país 16.008 pessoas infetadas com o novo coronavírus, das quais 2.183 estão em UCI.

O nível de incidência acumulada em Espanha é de 410 casos diagnosticados por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, sendo as regiões com os níveis mais elevados a de Navarra (1.102), Aragão (820), La Rioja (684), Castela e Leão (643), Catalunha (585) e Madrid (409).

O Governo espanhol decretou domingo o estado de emergência sanitária em todo o país durante quinze dias, para tentar contrariar a progressão da pandemia.

A medida estabelece o recolher obrigatório, menos nas Canárias, das 23:00 às 06:00, podendo cada uma das comunidades autónomas adiantar ou atrasar a medida em uma hora.

UNIÃO EUROPEIA

A vice-presidente da Comissão Europeia (CE), responsável pela Imigração, Margaritis Schinas, indicou hoje que o teste de diagnóstico feito à covid-19 deu positivo, pelo que irá seguir uma quarentena.

Schinas, que na sexta-feira passada se reuniu em Bruxelas com o ministro para as Migrações da Grécia, Panagiotis Mitarachi, é o segundo caso conhecido de infeção com o novo coronavírus no executivo comunitário, depois da comissária para a Ciência e Inovação, Maryia Gabriel, a 10 de outubro.

Fechar Menu