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Polícia usa canhões de água para dispersar manifestantes em Banguecoque

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Foto EPA

A polícia usou hoje canhões de água em Banguecoque para tentar dispersar centenas de manifestantes que desafiaram a proibição de reunião de mais de cinco pessoas, imposta pelo Governo da Tailândia, para exigir a demissão do primeiro-ministro.

Ao início da noite de Banguecoque (menos seis horas em Lisboa), a polícia decidiu usar canhões de água contra os manifestantes e preparava-se para avançar contra os ativistas pela primeira vez desde o início do movimento pró-democracia, que se tem manifestado nas ruas há vários meses.

Segundo a agência de notícias francesa AFP, que tem jornalistas presentes no local, os canhões, que disparam água misturada com produtos químicos, foram usados pela unidade de choque contra os manifestantes reunidos desde as 17:00 locais (11:00 em Lisboa) no centro da capital.

Os ativistas reagiram montando barricadas na tentativa de atrasar a dispersão da manifestação.

"Ordenamos aos nossos irmãos e irmãs que voltem para casa", alertou a polícia antes de avançar em direção aos manifestantes.

"Prayut fora!", "Abaixo a ditadura!", gritaram os ativistas, muitos dos quais são estudantes.

O movimento pró-democracia planeava reunir-se em Ratchaprasong, um grande cruzamento no centro da capital, mas os principais acessos foram fechados no início da tarde e vários elementos da polícia colocados no local.

"À medida que avançamos, temos cada vez mais coragem", disse Nine, uma estudante de 21 anos, à AFP. "Se eu não correr riscos, não haverá mudança".

"Os pobres estão a ficar mais pobres e os ricos estão a ficar mais ricos" neste país, um dos mais desiguais do mundo, disse um outro ativista, Pim, de 20 anos.

Na quinta-feira, os manifestantes também desafiaram a proibição de reunião, juntando cerca de 10.000 pessoas no centro de Banguecoque.

O Governo da Tailândia decretou, na quinta-feira de manhã, o estado de emergência na capital, proibindo reuniões com mais de cinco pessoas, o que permitiu dispersar uma manifestação pacífica que cercava a sede do executivo.

A polícia, que tinha garantido que apenas as reuniões políticas seriam proibidas, informou, depois, ter detido 22 manifestantes, dos quais pelo menos quatro eram líderes dos protestos.

A decisão do Governo foi tomada depois de, na quarta-feira, dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia terem saído às ruas, no centro histórico de Banguecoque, para pedir a renúncia do Governo e reformas que limitem o poder dos militares e da monarquia, esta última uma questão altamente controversa no país.

O protesto, que coincidiu com o aniversário da revolução estudantil de 1973, foi pacífico, mas registou um gesto de rebelião sem precedentes, quando os manifestantes se aproximaram da comitiva de carros onde viajava a rainha Suthida e o príncipe herdeiro Dipangkorn.

Hoje, dois ativistas tailandeses foram formalmente acusados de violência contra a rainha, uma das medidas mais graves aplicadas pelas autoridades de Banguecoque contra as manifestações pró-democracia.

A lei que protege a rainha de atos de violência é uma das mais severas do país, podendo os dois acusados ser condenados a uma pena entre 16 anos de prisão e prisão perpétua.

O primeiro-ministro da Tailândia rejeitou já a possibilidade de se demitir, apesar da crescente pressão dos protestos.

Prayut Chan-ocha, que apareceu hoje perante a imprensa pela primeira vez desde a declaração de estado de emergência, garantiu que os manifestantes detidos, incluindo vários líderes dos protestos, não serão libertados, como têm exigido os manifestantes.

"A declaração do estado de emergência serve para tornar o país mais seguro e pacífico. Quero pedir a todos que, a partir de agora, não infrinjam a lei", disse Prayut.

Conhecido por ter um feitio violento e agressivo, o primeiro-ministro disse que, por enquanto, não está a pensar impor um recolher obrigatório, mas admitiu que isso pode ser uma opção se os protestos continuarem.

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