Vinis, Singles e LP’s
Dantes, num tempo antes de haver os CD’s, Ipod’s,I Pad’s e etc., os discos que ouvíamos eram de vinil, tocados nuns instrumentos chamados gira-discos, com agulhas de pontas de diamante para os mais puristas.
Com o evoluir das tecnologias de informação e comunicação, com as novas tecnologias a permitirem-nos ouvir as músicas que mais gostamos de uma forma mais simples e numa escala mais global, esses discos foram sendo postos de lado, por razões de ordem tecnológica e económica, se bem que voltaram há alguns anos a ser moda novamente (somente para os mais saudosistas, porque sempre os haverá).
Os discos de vinil apresentavam-se ao público em forma de “singles”, que eram uns discos mais pequenos, com uma ou duas músicas em cada lado (tinham todos o seu Lado A e Lado B, sendo que no A estaria a música de maior sucesso comercial, acompanhadas por outras eventualmente não tão comerciais), ou em forma de LP’s, ou “Long Playing”, a que prosaicamente se chamavam “Álbuns” (denominação esta ainda utilizada nos CD’s), nos quais os artistas publicavam um maior número de peças musicais, mesclando músicas de maior aceitação pelo público, com outras chamadas menos comerciais, apesar de poderem em muitos casos terem uma qualidade igual ou superior do que as primeiras.
O êxito de um single permitia tê-lo como chamariz para o Álbum que seria publicado em seguida, permitindo assim uma maior audiência para peças ditas menos comerciais.
Singles e LP’s!
Fazendo um paralelo imaginário, nós, pessoas, somos um pouco assim, tipo discos de vinil, tocando o que a vida vai proporcionando tocar, com maior ou menor virtuosismo, de acordo com as capacidades desenvolvidas individualmente e destinadas a serem apreciadas colectivamente.
Umas são singles, com um sucesso efémero, que nos tocam por pouco tempo e muitas vezes destinadas a nem serem incluídas em álbuns de longa duração!
Outras há que estão destinadas a serem verdadeiros álbuns, ouvidos e reouvidos em repetição, juntando peças de muito valor com outras de valia extrínseca aparentemente menos intensa, mas que formam um conjunto que nos fica a perdurar na memória, na imaginação e na emoção.
São os LP’s, ou álbuns, que tal como o nome indica, juntam um conjunto de qualidades de single de sucesso numa peça única, de qualidade inigualável, deixando-nos com a vontade de que o seu Long Playing perdure por muitos e bons momentos (quem não tem o seu LP de estimação, aquele que mexeu, que mexe, com os momentos que deixam saudade?).
Conhecemos muitos singles, uns com qualidade, outros nem por isso
(há pimbas em todos os lados), uns e outros sem grandes hipóteses de chegarem a integrar um álbum, pois a opinião colectiva, sempre sagaz, não lhes dá aceitação para vôos de maior grandeza.
E conhecemos Álbuns, Long Playing’s de qualidade, muito mais raros, que nos tocam bem fundo e que guardamos com carinho na memória, na imaginação e na emoção, seja nos vinis da música, seja nos vinis que a vida se encarrega de produzir e publicar, dando projecção à obra que conjuga vários “singles” que foram sucesso público a outros que sem a mesma projecção pública sustentam o conjunto do trabalho.
Em termos de colectividade, todos temos a capacidade de ser um “single” por efémero e fugaz que seja. Em termos de colectividade, são escassos os que têm a capacidade de se tornarem verdadeiros álbuns.
Mas em termos pessoais, todos, ou quase, temos a possibilidade de sermos LP’s, dentro dos nossos ciclos muito restritos de família e amigos, daqueles que deixam indelevelmente marcados os traços da emoção na memória dos sentimentos.
Post Scriptum: daqui a dias temos eleições, nas quais somos chamados a escolher quem achamos que pode fazer, ou não, de um “single”, um sucesso que permita, mais tarde fazer parte de um Long Playing, a escolher entre um trabalho efémero, ou a um sucesso duradouro.
Felicidades aos vencedores, honra aos vencidos.