Madeira

Imprensa madeirense do início do século XX não tinha pilares do jornalismo actual

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A imprensa regional madeirense do início do século XX primava pela “defesa da cruzada regionalista”, assente num discurso “muito opinativo” e que pouco tinha a ver com os pilares fundamentais do jornalismo contemporâneo - a objectividade, a pirâmide invertida e a neutralidade do voz jornalística. Uma ideia forte deixada por Samuel Mateus, investigador e docente da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira (UMa), na conferência intitulada ‘Discurso Jornalístico na Imprensa Regional Madeirense no início do Séc. XX - opinião e informação na cobertura dos bombardeamentos do Funchal de 1919 e 1917 no Diário de Notícias e no Diário da Madeira’, realizada hoje no Museu de Imprensa da Madeira, pelo Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da UMa, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.Samuel Mateus, que estudou intensivamente os artigos publicados naquela época nos dois jornais regionais, revela que o tratamento jornalístico tinha por base “um reportar do acontecimento numa perspectiva subjectiva, emocional, inflamada”, em contraste com aquilo que é o jornalismo dos dias de hoje, que assenta “numa voz mais neutra, mais ligada aos ideais de objectividade e de imparcialidade”, indo assim ao encontro “da necessidade que os órgãos de comunicação social têm de se adaptarem para poderem chegar a um público muito heterogéneo e ao maior de pessoas possíveis” e fazendo com que “se adoptem certos padrões de escrita, certas rotinas e práticas profissionais, que tornam o discurso mais aberto e mais apelativo ao maior número de pessoas”.

Esta conferência foi moderada pelo director do Diário de Notícias, Ricardo Miguel Oliveira, que na oportunidade lembrou a importância da celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, sintetizando numa frase - “A luta continua” - o espírito que deve prevalecer no trabalho jornalístico partilhado diariamente com os leitores.