País

Liberdade religiosa em Portugal contribuiu para o aumento dos Jeovás

Foto Arquivo/Global Imagens
Foto Arquivo/Global Imagens

O ancião e ministro religioso das testemunhas de Jeová, Pedro Candeias, considera que a liberdade religiosa em Portugal contribuiu também para o aumento de fiéis, mas garante que o número não é uma preocupação.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Candeias explicou que desde que as testemunhas de Jeová saíram da clandestinidade a que estavam votadas, até 1974, que tem vindo a crescer o número de pessoas que a professam.

“Na altura eramos cerca de dez mil testemunhas, atualmente somos cerca de 50 mil”, disse Pedro Candeias.

Um estudo de 2012 revelou que o número de católicos tem vindo a diminuir em Portugal em contraponto com outras confissões religiosas, com destaque para o universo protestante, incluindo evangélicos, e para as testemunhas de Jeová que aumentaram.

Conduzido pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e pelo Centro de Estudos de Religião e Culturas da Universidade Católica Portuguesa, o estudo “Identidades religiosas em Portugal, representações, valores e práticas” foi patrocinado pela Conferencia Episcopal Portuguesa e baseia-se num inquérito a cerca de quatro mil pessoas com pelo menos 15 anos.

Ao contrário da tendência de diminuição de católicos, duplicou a percentagem de pessoas com uma religião diferente da católica (2,7 por cento em 1999 para 5,7%), assim como cresceu o número de pessoas sem qualquer religião (de 8,2% para 13,2%), um aumento que se sentiu em todas as categorias: os indiferentes passaram de 1,7% para 3,2%, os agnósticos de 1,7% para 2,2% e os ateus de 2,7% para 4,1%.

O inquérito mostra um aumento de protestantes/evangélicos que passaram de 0,3% para 2,8% e das testemunhas de Jeová que em 1999 representavam um por cento e agora são 1,5%.

Segundo Pedro Candeias, as testemunhas de Jeová sempre se apegaram ao ensino da bíblia e muitas pessoas “sentem-se tocadas por esse ensino”.

O número não é uma preocupação, defende, assinalando como positivo o facto de as testemunhas de Jeová portuguesas viverem num Estado onde existe liberdade religiosa, onde as pessoas têm o direito de ter ou não crença.

Com cerca de 50 mil elementos registados - embora, de acordo com dados da organização, o número de participantes nas atividades chegue aos 100 mil -, as testemunhas de Jeová surgiram pela primeira vez em Portugal a 13 de maio de 1925, mas a sua existência foi sempre proibida pelo anterior regime.

As várias tentativas de legalização (1952 e 1960) foram recusadas e só depois do 25 de abril de 1974 vieram a ser legalmente reconhecidas.

A Lei de Liberdade Religiosa, de 2001, abriu a possibilidade de registar como Pessoas Coletivas Religiosas as comunidades existentes no país, tendo as testemunhas de Jeová obtido esse estatuto em 2007.