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Uso de materiais reciclados pode levar a poupança de 30% na construção

Foto Shutterstock
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A utilização de materiais reciclados pode gerar poupanças de 30% nos custos da construção, um setor em que a maior parte dos resíduos produzidos ainda é entregue a entidades sem licença para esta atividade, afirmou hoje a Quercus.

“Com a utilização de materiais reciclados é possível obter poupanças de 30% em comparação com [o uso de] materiais convencionais”, afirmou hoje o presidente da organização ambientalista, João Branco, que recordou a obrigação de as obras públicas incorporarem, pelo menos, 5% de produtos reciclados ou com determinada percentagem de reciclados.

João Branco falava em Lisboa num seminário sobre materiais reciclados, com a participação de vários agentes do setor da construção e de empresas que fabricam vários tipos de materiais a partir de matéria-prima reciclada, assim como produtos recicláveis, ou seja, que, após o seu tempo de vida, podem ter outras utilidades.

O presidente da Quercus listou alguns problemas relacionados com a reciclagem dos resíduos de obras, principalmente numa altura em que aumenta o número de demolições e recuperações de edifícios antigos, como “o não cumprimento da necessária triagem dos diferentes materiais em obra”.

Carmen Lima, da Quercus, que organiza o seminário juntamente o Portal da Construção Sustentável, realçou que “80% dos resíduos produzidos pela construção, a maior parte de pequenas obras, são entregues em canais não licenciados” o que tem impactos ambientais, mas também económicos, pois é uma atividade “sem controlo fiscal”.

A ambientalista insistiu na preocupação com a “desclassificação de resíduos de construção”, explicando que a terra pode ser depositada nas pedreiras, mas o entulho resultante das demolições, com mistura de ‘inertes’, substâncias tóxicas ou perigosas, tem de ser encaminhado para locais preparados para esse fim.

Mas, segundo Carmen Lima, uma parte daqueles materiais não triados é despejada em terrenos baldios e outra vai parar às pedreiras e é utilizado para recuperação paisagística.

“Numa obra, também podemos ter materiais perigosos, como o amianto”, alertou.

Outros intervenientes no seminário salientaram a existência de várias soluções de materiais para construção reciclados, muitos com a classificação CE (europeia).

“Normalmente são substancialmente mais baratos que os materiais fabricados com matérias-primas virgens”, apontou Carmen Lima.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, tem transmitido a intenção do Governo de apostar no setor da construção, principalmente nas áreas de metalomecânica, cerâmica e cortiça, para promover a utilização de matérias-primas nacionais e a reutilização de recursos.

Ao contrário da economia linear, em que o recurso natural é usado e deitado fora, na economia circular pretende-se reduzir a quantidade de matérias-primas retiradas à natureza, reutilizando bens e optando por materiais obtidos através da reciclagem.